segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

INSTITUIÇÕES SOCIAIS

CAPÍTULO 2

INSTITUIÇÕES SOCIAIS E SOCIALIZAÇÃO
1. Instituições sociais

As instituições sociais são lugares ou situações em que há uma imposição de padrões sociais à conduta individual. Quando criança, os adultos apresentam-lhe certo mundo – e para a criança, este mundo é o mundo. Somente mais tarde, algumas vezes, os indivíduos percebem que há alternativa de comportamentos sociais.
Entretanto, mesmo quando crianças, os indivíduos não são inteiramente passivos no interior do processo de socialização realizado pelas instituições sociais, percebe-se este fato quando percebemos que os pais em geral não conseguem impor aos filhos todo padrão social que desejariam.
Uma das formas de socialização é quando a criança não só aprende a reconhecer certa atitude em outra pessoa e a compreender seu sentido, mas também apreende a tomá-la ela mesma. Literalmente, a criança aprende a desempenhar o papel do outro. Exemplo: as meninas o papel da mãe e os meninos o papel do pai.
Cabe lembrar também que esses papéis podem ser diferentes de criança para outra. Se o pai é uma figura violenta, o papel a ser desempenhado (teoricamente) pela criança será este. Por isso, a socialização é um processo importante a ser compreendido, quanto antes o indivíduo perceber o poder que lhe é imposto, mas cedo poderá refletir se é o comportamento que deseja realmente reproduzir para outras gerações.
É claro que os indivíduos conforme vão crescendo vão notando também, que em cada lugar as pessoas vão esperar dele um determinado comportamento específico, um papel específico, assim, os seres humanos para viver em sociedade terão que saber qual papel atuar em cada ambiente em que estiver, se fizer isto errado o restante do grupo irá reagir de algum modo.
Quando o indivíduo acredita fortemente nas regras de conduta social, elas já fazem parte de sua consciência e, portanto, estão interiorizadas. Neste caso, não será mais necessário a presença de alguém ou algum órgão para repreendê-lo.

2. Infância

A infância como entendemos hoje, surgiu com o nascimento da burguesia. Antes disso, a criança era considerada um adulto pequeno, somente na idade moderna passou-se a considerar a inocência como um valor associado a esta faixa etária e algo a ser defendido.
Portanto, somente depois deste evento percebeu-se que o processo de socialização existe como ele funciona, qual o seu poder, suas vantagens e desvantagens e seus mecanismos de repressão.

ATIVIDADES:

1) O que é instituição social?
2) Como acontece a socialização?
3) Qual é a razão para se compreender como acontece a socialização?
3. Instituição familiar

A família é o principal agente socializador do indivíduo. Os estilos de socialização dessa família vão depender da classe social, da ocupação, da etnia, dos valores e da visão de mundo que a constituem. Dessa forma, existem famílias mais ou menos autoritárias e mais ou menos comprometidas com o ato da socialização.
É preciso que exista um esforço em olhar além do estereotipo da família como sendo aquela formada apenas pelo pai, mãe e filhos. Isto porque, não só em outras culturas isto não reflete necessariamente a realidade, como também em nossa cultura isto já não é mais a única forma encontrada. Há grupos familiares com as mais diversas combinações, como aquelas em que os avós têm um papel importante, ou aquelas em que o homem não está presente e é a mulher quem sustenta e cuida das crianças, aquelas em que o casal não tem filhos, aquelas em que o casal é formado por uma união homo-afetiva, aquelas em que moradores de rua simpáticas umas às outras formam grupos para se proteger mutuamente, e assim por diante.
Durante as últimas décadas, o mundo vem experimentando mudanças nos padrões familiares que seriam inacreditáveis gerações anteriores. As pessoas estão casando menos e também mais tarde, e tendo um número menor de filhos. É cada vez mais comum as pessoas optarem morarem juntas antes de oficializar o casamento e sentirem-se livres para formar novas famílias caso o primeiro matrimônio não dê certo.
De qualquer forma, aquelas famílias formadas por dois adultos e suas crianças são chamadas de nucleares e aquelas que incluem avós, tios e cunhados são chamadas de ampliadas.
Para a teoria funcionalista as mudanças ocorridas na família provocaram a dificuldade de homens e mulheres de criar e educar suas crianças de maneira adequada. Entretanto, este pensamento é muito criticado pela sociologia atual porque defende que a família convencional formada pelo homem que trabalha e pela mulher que cuida dos filhos como algo dado pela natureza.
Já a sociologia feminista observa que o movimento das mulheres em direção ao mercado de trabalho principalmente durante a década de 60 provocou alterações profundas nas relações familiares, tendo em vista que antes disso o poder familiar era apenas do homem e este comandava com mão de ferro, de maneira autoritária. Com a mulher contribuindo para o sustento da casa, as relações familiares passaram a ser cada vez mais democráticas, onde as decisões são discutidas e combinadas. Para este grupo de teóricos a mudança no interior da família não deve ser julgada como algo bom ou ruim, é preciso apenas que os indivíduos encontrem os melhores caminhos para desfrutar dela.

ATIVIDADES:

1) Qual é o papel da família no processo de socialização?
2) Como se deve olhar para os tipos de formação familiar?
3) O que pensa a sociologia funcionalista sobre a família?
4) O que pensa a sociologia feminista sobre a família?


4. Instituição Religiosa

Desde o início dos tempos o homem teve algumas dúvidas que o atormentava: “Da onde vim?”, “Para onde vou?” e “o que faço aqui?” são algumas dessas questões que fizeram cada grupo de homens juntos em pequenas ou grandes sociedades, formular respostas diferentes, dando origem às diferentes religiões conhecidas.
Isto significa que para a sociologia as religiões são criações dos homens e para muitas teorias, como a de Durkheim, elas servem para manter a sociedade coesa (unida) por isso são importantes e positivas, para outras teorias, como a de Marx, elas servem para que as pessoas não percebam o quanto são exploradas em seu dia a dia, por isso têm um papel negativo e alienante, é dele a famosa frase: “a religião é o ópio do povo”.
Quase todas as religiões possuem alguns elementos que a qualificam enquanto religião, dogmas, ritos e locais sagrados são alguns deles. Assim, dogmas são verdades que não são discutíveis no interior da religião, desta forma é que os católicos acreditam que Virgem Maria é uma santa e os evangélicos não crêem no mesmo.
Ritos ou rituais são todos aqueles atos que são repetidos em diversas ocasiões pelos fiéis e celebrantes das diversas religiões, por exemplo, em algumas religiões evangélicas há a divisão do pão numa data específica do ano ou ainda quando os muçulmanos deitam-se em direção a Meca para rezar e assim por diante. Os rituais existem em quase todas as religiões para manter acesa a ligação do fiel com seu deus.
E finalmente temos os locais sagrados que são nada mais do que as igrejas, sinagogas, mesquitas e centros, ou seja, aquele lugar em que os fiéis daquela religião específica se encontram para celebrar a mesma crença. São sempre lugares cercados por uma série de símbolos e significados, por exemplo, em alguns lugares não são aceitos chapéus, outros só entram homens, outros somente descalços e assim por diante, o fato é que é preciso saber as regras de cada espaço sagrado para que não aja a possibilidade do desrespeito a elas.
De modo geral estar inserido numa religião significa passar por um verdadeiro processo de socialização, tendo em vista que todas as religiões promovem a defesa de valores importantes para determinada sociedade, como por exemplo, o amor ao próximo e o perdão, que se forem seguidos pelos fiéis pode determinar os tipos de relações sociais os indivíduos vão estabelecer do cotidiano inclusive no interior da própria família.
É claro que certos comportamentos são estimulados pelas religiões, mas outros são condenados, considerados desvios de conduta, e por isso muitos deles são punidos com a promessa do inferno ou algo parecido. Pode-se dizer que as religiões exercem um forte controle social, em muitos lugares posicionam-se contra o divórcio ou o aborto e podem pressionar tanto que são capazes de influenciar na constituição das leis nacionais.
Este grande poder de controle social e de pressão sob os governos pode tanto conter conflitos entre indivíduos e países, quanto provocá-los. Um grande exemplo é conflito de décadas entre palestinos e judeus, ambos os grupos defendem suas formas de vida e as religiões são motivos de guerras entre eles, mortes em nome de deus.
No Brasil há predominância do catolicismo, entretanto, nos últimos anos há um grande crescimento do número de evangélicos que podem ser divididos em dois grandes grupos: os chamados protestantes históricos e os pentecostais.
Os protestantes históricos são fiéis das igrejas surgidas no período da Reforma Protestante e que se instalaram também no Brasil no século XX e que por não serem muito proselitistas, reproduzem-se apenas de geração em geração. Eles são: os luteranos, os batistas, os presbiterianos, os metodistas, entre outros.
Os pentecostais tiveram sua origem nos EUA quando houve uma espécie de alteração nas crenças protestantes centrado em cultos de forte apelo emocional e na conversão em massa dos indivíduos. Eles são: Congregação Cristã e Assembléia de Deus. Estas religiões por sua vez deram origem e outras como, por exemplo, Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo e outras tantas.
Em alguns lugares do país há a presença de um forte sincretismo religioso que é a fusão de crenças católicas com práticas rituais de religiões africanas. Neste caso, existe a possibilidade destes indivíduos se denominarem como sendo da Umbanda ou do Candomblé ou ainda verem-se como católicos ou evangélicos, mas, ao mesmo tempo, acreditarem em muitos elementos das religiões espiritualistas.

ATIVIDADES:

1) O que é religião para a sociologia?
2) O que é dogma, ritual e lugar sagrado?
3) Explique a idéia de que a religião exerce um controle social
4) Como é a religião no Brasil?








5. Instituição Escolar

A escola é um dos mais importantes espaços de socialização das sociedades modernas. É através dela que se podem promover certos valores que serão assumidos pelos indivíduos e que os definirão como parte de determinada cultura ou nação.
A escola como se conhece na atualidade surgiu na Idade Moderna juntamente com as indústrias. A burguesia que dividiu o trabalho para produzir mais no interior das fábricas fez o mesmo com o conhecimento, escolheu determinados saberes e os dividiu em séries, além disso, impôs à escola que nascia a mesma disciplina criada para a indústria.
Isto significa que os trabalhadores não fizeram parte do processo de constituição da escola, assim, a classe dominante até hoje impõe seu ponto de vista sobre determinados fatos e acontecimentos. As características valorizadas pela burguesia passam a ser transmitidas pelas escolas como se fossem os valores fundamentais de toda a sociedade.
No Brasil, por exemplo, durante muito tempo, os livros escolares fizeram com que diversas gerações acreditassem que os responsáveis pelas transformações históricas são apenas os grandes heróis, as grandes personalidades que pertenciam às classes abastadas. E por outro lado, muitos acontecimentos históricos liderados pelo povo praticamente desapareceram dos livros.
Entretanto, a escola é mesmo contraditória, pois se por um lado reproduz os valores das gerações mais antigas e da burguesia, por outro lado, como ela abriga a juventude sempre foi um lugar de inovação, de rebeldia e de crítica.
Um dos sociólogos mais importantes que pesquisam a instituição escolar é o francês Pierre Bourdieu que criou a teoria reprodutivista que criticava ao alertar que a escola é responsável por reproduzir em seu interior as desigualdades sociais e os preconceitos. Além disso, percebe que a escola ignora as características culturais dos alunos de periferia ao impor os valores e costumes da classe dominante.
Para que isto não aconteça, Bourdieu acreditava que seria preciso a escola tomar consciência de seu papel, do que faz e do que poderia fazer para transformar a realidade ao seu redor.
Outro sociólogo relevante foi Durkheim que via como positivo o fato da escola se esforçar em fazer com que a geração mais nova seja a mais próxima possível dos costumes e valores da geração anterior.
No Brasil existe o educador Paulo Freire que acreditava que a escola poderia emancipar o homem, porque segundo ele, quanto mais conhecimento, maiores serão as opções na hora da tomada de alguma decisão. Isto significa que o saber pode libertar os trabalhadores da ignorância que o sistema capitalista impõe a eles.
Para tanto, é necessário que o professor conheça o aluno, sua realidade social, seus costumes para fazer com que o conhecimento faça sentido para o aluno e assim ele o incorpore como realmente seu, podendo transformar sua vida e o mundo ao seu redor.

ATIVIDADES:

1) Como surgiu a escola como se conhece hoje?
2) O que pensa Bourdieu, Durkheim e Freire sobre a escola?
3) O que o texto trata da educação no Brasil?
4) Pesquise sobre a porcentagem dos brasileiros que se formaram e/ou que se formarão no ensino fundamental, médio e universitário na década de 1990, 2000 e 2010.


INDICAÇÃO DE FILME: ESCRITORES DA LIBERDADE, O CAÇADOR DE PIPAS.

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