segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

MOVIMENTOS SOCIAIS

CAPÍTULO 7

MOVIMENTOS SOCIAIS E CIDADANIA


Normalmente todo estudante aprende na escola que as camadas mais populares do Brasil sempre estiveram envolvidas em algum tipo de luta social, tendo em vista que eram constantemente desprivilegiadas em muitos direitos civis, políticos e sociais. No século XIX estas lutas estavam relacionadas à escravidão, à cobrança de impostos, à mudança de regimes políticos entre outros. E ao contrário do que se possa imaginar, foram dezenas de movimentos sociais que criaram um ambiente propício para as mudanças que foram acontecendo na história brasileira. Podemos dizer que se esses movimentos populares constantes que defendiam a abolição, por exemplo, o ato da libertação dos escravos assinados pela princesa Isabel teria demorado ainda mais tempo para acontecer.
No século XX estavam relacionadas à luta pela terra, pela democracia, por melhores condições de trabalho, por moradia entre outros. Da mesma forma que ocorreu no passado, neste período, a população também teve grande importância nas mudanças ocorridas na sociedade. E assim como antes, muitas vezes centenas de pessoas colocaram suas vidas em risco para que o objetivo fosse alcançado.
No século XXI outros movimentos também começaram a ganhar força no interior da sociedade brasileira, como aqueles que combatem a homofobia, aqueles que lutam por reparações históricas aos descendentes de escravos, bem como aqueles que lutam pela ética na política.
Levando tudo isto em conta, todos os direitos da população brasileira foram sempre resultados da luta dos movimentos sociais e não um presente de algum tipo de governante do momento. Por este motivo, levou muito tempo para o Brasil tratar com respeito a estes movimentos e não olhá-los como um caso de polícia.
Mas o que são os movimentos sociais? São agrupamentos de indivíduos envolvidos num empenho organizado para gerar ou combater a alterações na sociedade ou no grupo do qual fazem parte. Possuem três características: a) representam alguém, falam em nome de alguém, defendem os interesses de alguém; b) sempre lutam contra alguma coisa, buscam vencer uma oposição ou indiferença e c) mesmo representando um grupo específico fazem isto invocando os interesses de toda a coletividade.
São exemplos: a) o Movimento Sem Terra que defendem os trabalhadores rurais que não possuem propriedades rurais, que lutam contra os latifúndios improdutivos e que fazem isto invocando a idéia da justiça social; b) o Movimento Feminista que defende as mulheres, que lutam contra o machismo e que fazem isto invocando a idéia da igualdade entre todas as pessoas.
Os movimentos sociais podem ser conservadores, reformistas e revolucionários:
a) Conservadores: quando os movimentos lutam de forma organizada para manter a sociedade como está, ou ainda desejam que ela volte a ser de alguma maneira que consideram que tenha sido melhor no passado. Exemplos: UDR (União Democrática Ruralista) que luta contra a reforma agrária.
b) Reformistas: quando os movimentos organizadamente querem modificar pontos específicos da sociedade. Ainda que desejem reformas e não uma revolução, muitos deles podem usar de recursos pacíficos como um abaixo assinado, ou ainda pegar em armas, o que importa é o objetivo do movimento. Eles não deixarão de serem classificados como reformistas por causa do meio que utilizarem para reivindicar. Exemplos: MST (Movimentos Sem Terra) que luta a favor da reforma agrária.
c) Revolucionários: quando desejam modificar radicalmente as estruturas da sociedade substituindo por outro. Exemplo: os bolcheviques que derrubaram o czarismo na Rússia e implantaram o que se convencionou chamar de mundo socialista.

De qualquer forma todos esses movimentos sociais lutam pela conquista de certos benefícios, certos direitos. Na sociedade capitalista existem pelo menos três tipos, o direito civil, o político e o social e é na medida em que os indivíduos conseguem expandir esses direitos é que adquirem cidadania. E por cidadania entenda-se o conjunto de direitos e deveres de uma pessoa pertencente a uma nação.
Nas sociedades européias os direitos civis (liberdade individual, liberdade de palavra, pensamento e fé, liberdade de ir e vir, o direito à propriedade, o direito de contrair contratos válidos e o direito à justiça) foram conquistados no século XVIII a partir de muita luta, tendo em vista que eles marcavam o fim de um período histórico baseado na sujeição de um grupo frente o outro, os maiores exemplos são do servo para com o senhor feudal e o escravo para com o seu senhor.
No século XIX a Europa conquistava os direitos políticos (ao voto e acesso aos cargos políticos), tendo em vista, que no início somente os ricos e os homens tinham algum direito político, conforme o tempo passou, muitos movimentos sociais surgiram e lutaram, como por exemplo, o das mulheres, dos negros e dos trabalhadores pelo direito ao voto. E foi somente por causa deles é que surgiu o chamado sufrágio universal, que é a garantia de que todos votam, e que todos os votos têm o mesmo peso.
No século XX os europeus conseguiram os direitos sociais (condições mínimas de bem-estar social e econômico que permitam aos cidadãos desfrutar inteiramente do exercício dos direitos civis e políticos). Isto não significa que todas as desigualdades desapareceram, apenas que diminuíram substancialmente. Os direitos sociais são fundamentais, pois se acredita que o indivíduo que vive na extrema miséria não tem condições de ter seus direitos civis ou políticos exercidos.
É claro que no Brasil todos esses direitos foram sendo conquistados mais tarde, conforme o país e seu povo iam se construindo. Pode-se dizer que os direitos políticos e civis foram consolidados depois do fim da ditadura militar em 1989, com a eleição direta para presidente da república. E os direitos sociais ainda são motivo de luta diária por diversos movimentos sociais como o que não tem terra, como o que não tem moradia e assim por diante.
Na atualidade outros tipos de movimentos sociais lutam pela conquista de outros tipos de direitos, aqueles relacionados à ecologia, ao feminismo, às minorias étnicas e à homossexualidade.
Por isso tudo os movimentos sociais são tão importantes, se hoje temos alguns direitos que parecem que são “normais”, cabe saber que eles só existem por que grupos de pessoas, muitas vezes, arriscaram suas vidas para que eles existissem.

ATIVIDADES:

1) O que são movimentos sociais?
2) Explique os tipos de movimentos sociais?
3) O que é cidadania/
4) Explique os 3 tipos de direitos que formam a cidadania.
5) Converse com os colegas e escreve que tipo de deveres os cidadãos possuem.
6) Qual a relação entre movimentos sociais e a cidadania?
7) Pesquise e apresente para a turma sobre o movimento pela conquista ao direito de voto pelas mulheres nos EUA e no Brasil.
8) Pesquise e apresente para a turma sobre as reivindicações do movimento GBLT.
9) Pesquise e apresente para a turma os motivos da existência do MST.
10) Pesquise e apresente para a turma os movimentos sociais que existiram ou que ainda existem em sua cidade ou Estado.
























INDICAÇÃO DE FILME: MILK

POLÍTICA

CAPÍTULO 6

PODER, POLÍTICA E IDEOLOGIA

1. MORAL E POLÍTICA

Política é a arte de governar e administrar o espaço público. E por espaço público entenda-se tudo que é considerado de todos os cidadãos de um lugar, contrapondo-se ao que é privado, ou seja, que é de apenas uma pessoa. Desta forma, desde que o homem passou a viver em sociedade, a política passou a existir para manter a convivência entre as pessoas.
Os períodos da antiguidade e medieval estão repletos de autores que pensaram sobre a política e como ela deveria ser. O bom governante deveria ser justo e prudente, generoso e respeitador das regras de deus e assim por diante. Nicolau Maquiavel rompeu com este estilo ao levar em consideração apenas a “verdade efetiva das coisas”, casos reais de governos que deram certo ou não, mas que foram frutos da história vivida pelos homens.
Ao fazer isto, Maquiavel deparou-se com as contingências da vida política, percebeu que a política é imersa em acontecimentos inesperados e de delicieis soluções que colocam em xeque o governante. A política exige comportamentos que muitas vezes fogem do que é recomendável ao homem bom e honesto, mas que, no entanto, mostra-se imprescindível para a solução de inúmeros conflitos e casos.
Caso o governante quiser manter-se no poder, será interessante se for bom e generoso, mas será melhor ainda se souber ser mau e violento quando a circunstância assim o exigir. A sabedoria está em saber dosar e usar a astúcia e a força, aparentar qualidades que não se tem é importante para garantir por um lado a confiança da população e por outro lado uma reação violenta em alguma situação de crise.
A força como uma qualidade do governante não é o enaltecimento da crueldade, mas a ciência de que a conquista é da natureza humana, por isso um país pacífico e avesso a qualquer manifestação da violência será sempre visto por seus vizinhos como uma fronteira a ser vencida.
O homem que consegue administrar bem a astúcia e a força possui o que Maquiavel chamou de virtu. Entretanto, a política não é matemática, ela como uma mulher, imprevisível muitas vezes, a isto Maquiavel chama de fortuna. É do encontro da virtu do governante com a fortuna que nascem grandes feitos ou grandes desastres.
Inúmeros autores tentaram interpretar Maquiavel, Hegel escreveu que O Príncipe era na verdade uma alegoria para representar o Estado, e, portanto, para defende sua existência como responsável por tomadas de decisão em nome de toda a população. Já Gramsci associou o Príncipe com o Partido político, uma instituição realmente representativa do coletivo. É claro que muitos escritores impuseram em Nicolau a insígnia de defensor das tiranias, e outros tantos como um grande defensor da liberdade política sobre o moralismo cristão. O fato é que tanto uns, quanto outros continuam lendo e discutindo Maquiavel a quase 500 anos.

1) O que Maquiavel percebia da política?
2) Segundo Maquiavel quais características eram fundamentais para o governante?
3) O que Hegel pensava do livro de Maquiavel?
4) O que Gramsci pensava do livro de Maquiavel?
5) Comente o terceiro parágrafo.




2. POLITICA


Política é a direção que um grupo decide tomar para atingir algum benefício a curto, médio ou em longo prazo. Em outras palavras, os fins que se pretende alcançar pela ação dos políticos são aqueles que, em cada situação, são considerados prioritários para o grupo (ou para a classe nele dominante): em épocas de lutas sociais e civis, por exemplo, será a unidade o Estado, a paz, etc; em tempos de paz interna e externa, será o bem estar, a prosperidade ou potencia; em tempos de repressão por parte de um governo despótico, será a conquista dos direitos cíveis e políticos. Os fins da Política são tantos quantas são as metas que um grupo organizado se propõe, de acordo com os tempos e circunstâncias.
De qualquer forma, o objetivo mínimo da política pode ser a ordem pública, tendo em vista que os homens reunidos em sociedades não se manteriam em paz sem a política para orientá-los como agir em relação uns aos outros. Pode-se dizer que a política é a arte de administrar conflitos entre indivíduos e também entre nações.

1) O que é política?
2) Quais os objetivos da política dependendo da época e das circunstâncias?
3) O que é prioritário para sua comunidade? Que tipo de ação política esta comunidade pode tomar?
4) Pensando na definição e nos objetivos da política mostrada no texto, podemos viver sem a política? Justifique.



3. PODER

Estamos tratando essencialmente de poder político, e para isto é necessário definir o que é política: “A atividade social que se propõe a garantir pela força, fundada geralmente no dinheiro, a segurança externa e a concórdia interna de uma unidade política particular” (Julien Freund)
Sendo assim não se pode falar em poder sem tocar na idéia de força que por sua vez determina a potência, como ato latente produzindo assim poder, que pode ser “macht” (fundado na imposição, é o poder em si) ou a dominação (que é fundado na legitimidade, na aceitação, mesmo que resignada).
A origem do poder está na propriedade, quando o primeiro homem cercou um pedaço de terra e tomou-o como seu, criou desigualdades (hierarquia), isto funda a comunidade política que como tal precisa de uma organização de dominação.
Não é possível designar quem detém o poder no sentido genérico tempo/espaço. É necessário especificar que poder é este (político, econômico, social, cultural), onde estamos analisando (EUA, Brasil, Curitiba, África do Sul) e em que época histórica (hoje, da década de 70, no século XVI). Contudo, é possível dizer que quem tem autoridade detém o poder, seja autoridade econômica, política, militar etc. Conforme o lugar um desses fatores sobrepõe-se constituindo a autoridade ou classe com poder efetivo.
Crendo na complexidade do conceito de poder e todas as suas nuances, faz-se necessário saber sua função: no ponto de vista weberiano, o poder tem uma função positiva; o contrário acontece sob a visão marxista que apenas constata o caráter negativo do poder, associado de uma forma permanente à existência de classes, por isso desiguais. Já Foucault vê o poder como algo que está presente em todas as relações sociais, ora somos submetidos a ele, ora submetemos alguém.
O poder baseado na legitimidade também é chamado de dominação, o que Weber classificou em três tipos:
a) o poder tradicional que está associado à figura do rei que é obedecido pela tradição, muitas gerações vem tendo o mesmo comportamento para com esta figura política;
b) o poder carismático que está associado à grandes líderes que tinham características impressionantes e que seduziam as pessoas. Ao contrário do poder tradicional que pode ser transferido de pai para filho, o poder carismático encerra-se nele mesmo;
c) o poder burocrático que está associado às modernas democracias em que os candidatos passam por campanhas eleitorais fiscalizadas por juizes, por votações baseadas na veracidade das apurações. Assim, esse tipo de poder se dá pelo cargo e não pela pessoa que o ocupa.
Weber alertou, entretanto, que esses tipos de poder podem estar misturados na vida real, de maneira que um líder carismático pode ter também o poder burocrático.

ATIVIDADES

1) O que é potência?
2) O que é Macht?
3) O que é dominação?
4) Por que não podemos designar alguém que detenha o poder de modo genérico?
5) As pessoas comuns de sua comunidade têm algum tido de poder? Justifique. Se a resposta for não, o que elas poderiam fazer para mudar isto?
6) Explique os três tipos de dominação de Weber


4. ESTADO

Os anarquistas acham que o homem conseguiria se auto governar sem o Estado, sem um governo concretizado num Estado, você acha que isso seria possível?
Thomas Hobbes procurou explicar o surgimento do Estado, para tanto criou o conceito de Estado de Guerra que era um momento que os indivíduos se comportavam de maneira instintiva, dessa maneira os mais fortes submeteriam os mais fracos, é dele a famosa frase: “O homem é o lobo do homem”. Para proteger os interesses de todos, todos os indivíduos teriam feito um contrato em que abririam mão do seu próprio poder em favor do Estado. Jean Jacques Rousseau acreditava no Estado de Natureza, e que a harmonia teria acabado quando o primeiro homem cercou um pedaço de terra e disse que era seu. A segurança da propriedade privada tornou-se tão essencial que o Estado surgiu para protegê-la. O Estado também seria fruto de um contrato social, seria representante da vontade geral, por isso a obediência dos cidadãos às leis do Estado, seria a obediência à vontade de todos.
Para Marx o Estado é um instrumento de dominação da classe dominante sobre a dominada. Sua função primordial seria a de assegurar os interesses da burguesia, nesse sentido a única maneira do operário ver assegurado seus reais interesses de classe seria tomar o Estado para si. Era o que Marx chamava de ditadura do operariado. Isto significa que na prática para o marxismo a representação do operário no interior do Estado é uma ilusão, mesmo que façam força, o Estado é uma máquina que se move a favor da burguesia, para fazer com que ela se mova em favor do operário, só se quebrasse a máquina.
Marx propunha uma revolução socialista explosiva, que realmente fosse capaz de destruir o Estado burguês, entretanto, o tempo passou, e a sociedade capitalista mudou a tal ponto que alguns autores marxistas como Antonio Gramsci passaram a defender a possibilidade de uma revolução processual, assim o proletariado poderia conquistar espaços no interior do Estado e da sociedade civil através da democracia.
Para Gramsci, a democracia burguesa seria a arma que destruiria seus próprios interesses de classe, tendo em vista que com o surgimento dos sindicatos e partidos de massa, os trabalhadores puderam usufruir do sufrágio universal de maneira mais interessante.
Para Weber o Estado é por definição aquele que tem o monopólio do uso legítimo da força física. Isto significa dizer que um indivíduo comum não pode resolver seus problemas ou punir alguém através da própria violência. O único que tem o direito de punir usando de violência, se necessário, é o Estado através da polícia e do exército. Um elemento importante para o Estado, segundo Weber, é a burocracia que realiza um efeito multiplicador do poder dos dirigentes sejam eles quem forem. Isto porque onde estiver a burocracia através de um posto de saúde, uma delegacia de polícia, um posto do INSS haverá o Estado. O Estado para Weber não tem um caráter de classe, pelo contrário, ele é baseado na impessoalidade e na racionalidade, assim o concurso público é para este autor o maior exemplo da neutralidade ideológica do Estado.

4.1. Estado de Bem Estar Social

O Estado de bem Estar Social surgiu como resposta à crise de 1929 nos Eua, eram tantas empresas falindo, tantas famílias perdendo casas e empregos que o caos social só foi resolvido através de uma ação efetiva do Estado. O Estado americano promoveu uma série de obras públicas de grande envergadura que empregou milhares de pessoas, passou a encomendar milhares de mercadorias de centenas de empresas privadas (o que as manteve lucrando) e por fim iniciou uma grande legislação de apoio social.
Seguro desemprego, férias e final de semana remunerada, aposentadoria, educação e saúde públicas e assim por diante deram a oportunidade para que a população americana sobrevivesse à crise e desse a volta por cima.
Dezenas de países passaram a usar legislações semelhantes com seus trabalhadores, dando origem ao Estado de Bem Estar Social que é baseado na idéia de que o governo tem a obrigação de garantir certas coisas a toda a população: saúde, educação, previdência, energia e água.
A partir da década de 90 o sistema previdenciário do Estado de Bem Estar Social entre em crise, muita gente que não pagou a previdência passa a ter o direito a receber o benefício e com a expectativa de vida aumentando, o tempo que a pessoa recebe a aposentadoria também é maior, o que piora a crise do fundo previdenciário. Por isso, novas leis vêem surgindo no mundo todo, aumentando o tempo de serviço e a idade para se aposentar e até mesmo a idéia da contribuição também do aposentado está sendo revista.

ATIVIDADES

1) (UFU) Na canção Estação derradeira, de Chico Buarque, é apresentada, em breves palavras, parte de um retrato falado do Rio de Janeiro: “Rio de Janeiro, Civilização encruzilhada, cada ribanceira é uma nação, à sua maneira, cm ladrão, lavadeiras, honra, tradição, fronteiras, munição pesada”.
Relacione essa composição com a concepção do sociólogo Max Weber a respeito das características do Estado moderno e aponte a alternativa correta.
a) de acordo com Weber, a existência de uma cidade partida, como o Rio de Janeiro, seria reflexa do não monopólio da violência por parte da classe dominante para oprimir a classe dominada.
b) segundo Weber é típico em sociedades de classe a concorrência entre poderes armados paralelos.
c) segundo Weber pode-se afirmar que, no limite, o Estado brasileiro não está inteiramente constituído como tal, uma vez que não se revela em condições de exercer, em sua plenitude, o monopólio do uso legítimo da violência.
2) Quais as semelhanças e diferenças entre as concepções de Rousseau e de Hobbes sobre o Estado?
3) O que se pode interpretar da frase de Weber a respeito do Estado Moderno “é aquele que detém o monopólio legítimo do uso da força física”.
4) Para Marx o Estado é:
a) aquele que tem o monopólio do uso legítimo da força física
b) um contrato social para defender a propriedade privada
c) um instrumento de dominação de classe.
d) um contrato social para defender o direito do cidadão

5) Você acha que seria possível uma sociedade sem Estado? Justifique.


5. REGIMES POLITICOS


Por regime político se entende o conjunto das instituições que regulam a luta pelo poder e o seu exercício, bem como a prática dos valores que animam tais instituições. Nesse sentido, dependendo do regime político haverá um papel diferente para cada um dos indivíduos ou grupos no interior da arena política. Bem como, normas e regras de conquista e manutenção do poder para todos os atores políticos e sociais, que sabendo como os adversários poderão agir, podem planejar suas próprias ações para chegar a um objetivo específico.
A escolha de um regime implica, necessariamente, no limite da liberdade de ação do Governo, assim, num regime democrático, por exemplo, o governo tem que respeitar os direitos políticos dos indivíduos, enquanto que num regime ditatorial isso não precisa ser feito.
São exemplos de regimes políticos: a democracia, a ditadura autoritária e a ditadura totalitária. A democracia como todos sabem é aquele regime em que todos os cidadãos de determinado lugar são iguais e tem o direito a participar do processo decisório. Se isto for feito de maneira direta, sem intermediários, chama-se democracia direta; mas, se for feito através de representantes, chama-se democracia representativa.
Na maioria dos países democráticos o que existe é a forma representativa, discute-se muito sobre novos meios para que os cidadãos possam fazer parte do processo decisório, como por exemplo, com o acompanhamento dos gastos realizados por nossos parlamentares no exercício de sua função. Isto tudo é muito relevante e demonstra uma maturidade da democracia e dos cidadãos. Entretanto, há um outro ponto importante que é a expansão da democracia para a vida social, ou seja, a realidade de outras instituições como a família, a escola e a empresa sendo também fundamentada em relações democráticas. Isto porque, muitos teóricos afirmam que um país não conseguirá torna-se realmente democrático enquanto seu povo não agir da mesma forma nas relações sociais mais comuns do cotidiano.
A ditadura por sua vez, é o regime da não cidadania, onde os indivíduos não precisam ser ouvidos para que o governo tome decisões. Para tanto, elas podem ser autoritárias ou totalitárias. Os regimes autoritários são conservadores e defendem a ordem rígida como bem suprema, e para isto acreditam que os indivíduos devem obedecer incondicionalmente ao líder, deixando que ele governe sozinho sem sua interferência. São governos em que não existem: a liberdade, a oposição, a participação popular, o pluralismo partidário e a autonomia de outros grupos políticos importantes. Exemplo: ditadura militar no Brasil (1964 a 1985).
Os regimes totalitários também são ditaduras, entretanto, possuem características um pouco diferentes. Também não existem eleições e há a defesa da ordem, mas tudo isto acontece de maneira distinta, pois o povo é incentivado a participar do regime apoiando-o de maneira entusiástica sob controle do governo. O líder é amplamente conhecido e idolatrado por causa do uso de uma eficiente campanha publicitária. Exemplo: nazismo alemão.

1) O que é um regime político e qual sua função?
2) O que é a democracia direta e a democracia representativa?
3) Explique o que o texto quis dizer com “a expansão da democracia”.
4) Quais as características da ditadura autoritária e da totalitária?


6. FORMAS DE GOVERNO

Monarquia Absolutista é o Governo de um só que será substituído de maneira hereditária na ocasião de sua morte. Encontrada na Europa na Idade Moderna, na França um rei chegou a falar: “O Estado sou eu”.
Monarquia Parlamentarista é quando o rei tem um papel simbólico ou diplomático, quem manda de fato é o 1º ministro eleito pelos parlamentares e entre eles, que por sua vez, foram eleitos pelo povo. Encontrada na Inglaterra atual.
República Presidencialista é o governo em que o povo elege todos os cargos do executivo e do legislativo, o presidente e os parlamentares. O poder é dividido entre os dois. Encontrada no Brasil e nos EUA atualmente. O cidadão vota diretamente em quem manda, mas para tirá-lo do governo somente com um impedimento ou com o término de seu mandato. República Parlamentarista é o governo em que o povo elege o presidente que tem uma função diplomática e de negociação comercial no exterior e elege também os parlamentares, estes por sua vez votam em um de seus integrantes para o cargo de 1º ministro que passa a governar o país. O cidadão não vota diretamente em quem vai mandar, mas se ele mostrar-se incompetente o parlamento pode em qualquer momento derrubá-lo e eleger outro. Neste caso, você percebe quanto poder tem o legislativo, desta forma é imprescindível que os eleitores tenham plena consciência da importância do voto aos cargos de deputados, senadores e equivalentes. O parlamentarismo não combina com eleitor que vota em deputados e um mês depois não se lembra em quem votou. Encontrada na França e na Alemanha atuais.

1) Dê as características básicas do presidencialismo e o parlamentarismo.
2) A partir do que você conhece do eleitor brasileiro, explique qual forma de governo ideal para o Brasil de hoje.



7. PARTIDOS POLITICOS

Você certamente já ouviu falar que tal candidato é de esquerda, tal é de direita, pois bem, você sabe qual é a diferença entre estes dois lados no que se refere à política?
Esta forma de denominação para algumas tendências da política tem origem na época da Revolução Francesa, naquele período os partidos que eram a favor que continuasse a monarquia, portanto eram conservadores, sentavam-se a direita na plenária, e aqueles que desejavam a república, portanto queriam mudanças, sentavam-se a esquerda na plenária. A partir de então passou-se a usar esses mesmos parâmetros para tratar dos partidos de outros países e de outras épocas.
Os partidos de esquerda também são chamados de arregimentadores, ou seja, aqueles que conseguem mais simpatizantes, usando para isso apenas o poder do discurso. Seus filiados são aqueles mais apaixonados pela causa, por isso muitas vezes trabalham de graça para o partido. Como defendem a mudança social, acreditam que o conflito entre as classes sociais é positivo para que este objetivo seja alcançado.
Os partidos de esquerda, também chamados de partidos de massa, surgiram com as primeiras manifestações de trabalhadores europeus contra a extrema exploração a quem eram submetidos em seu trabalho. No início, seu objetivo maior era o da conscientização de outros trabalhadores e debate sobre as reivindicações comuns que seriam a base para o programa do partido. No correr o tempo, no entanto, esses partidos passaram a se interessar mais por sua outra função, qual seja, concorrer às eleições e a governar, por isso, passou a ter que incluir reivindicações de toda a sociedade em seu programa, afastando-se um pouco de seu objetivo original de mudanças mais radicais e aproximando-se de um comportamento mais reformista.
Os partidos de direita surgiram na Europa para representar a burguesia que tinha dinheiro, mas ainda não tinha poder político de decidir nada no interior do Estado. A finalidade principal desses partidos era a disputa eleitoral, portanto, não fazia nenhuma consulta sobre reivindicações específicas de seu eleitorado. Aos poucos, no entanto, passou a ser mais profissional e a perceber que teria que abrir mais o partido, para maio participação.
Os partidos de direita defendem a ordem social, o conflito por tanto é visto como desordem e bagunça, portanto, são conhecidos como conservadores. Muitos de seus simpatizantes não conhecem o projeto político vinculado a esses partidos, permanecem aliados a eles por concordarem que os conflitos entre as classes geram confusão e não amadurecimento da sociedade.
Mas o que é o partido e para que serve?
O partido é a reunião de pessoas que tem algo em comum, pode ser a mesma classe social, pode ser a mesma religião, a mesma maneira de ver o mundo, os mesmos sonhos, a mesma ideologia. Desta forma, eles representam interesses de um determinado grupo social, se uma parcela da população é representada por algum partido, ela pode reivindicar o atendimento de alguma necessidade, mas se um grupo social é avesso aos partidos seus interesses sempre são deixados de lado na hora das tomadas de decisão.
Em outras palavras, se cada partido representa interesses específicos de grupos específicos da sociedade, quem governará a sociedade toda?
Você poderá responder que pode ser qualquer pessoa. Mas muita gente quer mandar. Como resolver esta questão? Teremos que colocar regras para a conquista, revezamento e manutenção do poder. E isto não é fácil se percebemos que os homens têm pensamentos, visões de mundo diferentes entre si, dependendo de sua classe social, de sua religião, dos livros que leu, do que estudou etc, ou seja, os homens são divididos em ideologias.
E por ideologia entenda-se a compreensão da realidade das relações sociais deformada por interesses de classe dos indivíduos, é, portanto, uma visão parcial. Assim, a ideologia burguesa é incapaz de olhar o mundo através dos olhos dos trabalhadores, eles acreditam que sua ideologia é a mais correta e procuram fazer com que toda a sociedade acredite também. Desta forma, é comum vermos um trabalhador acreditar em idéias essencialmente burguesas, isto porque a burguesia como classe dominante consegue incutir em toda a sociedade sua própria visão de mundo através principalmente dos meios de comunicação que também estão em suas mãos.
Para Marx, o mais correto seria, portanto, que cada classe social tivesse consciência de sua própria visão de mundo, de sua ideologia, para que houvesse uma luta política realmente justa, sem manipulações, baseadas realmente na disputa ideológica.
Existem basicamente três sistemas principais de partidos: o bipartidário, o multipartidário e o partido único. O bipartidário corresponde segundo autores como Duverger, a uma tendência natural de divisão contrária de ideologias. Assim ainda que nesse sistema seja permitida a existência de vários partidos a estrutura do Estado está de tal forma armado que apenas dois deles acabam por se enfrentar. Um exemplo de bipartidarismo é o EUA.
O multipartidarismo garante a presença de três ou mais partidos na disputa real pelo poder de Estado. Aqueles que defendem esse tipo de sistema salientam que nele é possível a expressão de vários tipos de pensamento e ideologias. No entanto, esse tipo de governo quase sempre será baseado nas coligações, nos acordos entre vários partidos, o que na prática forma dois grandes grupos, em muitos casos chamados de esquerda e direita. Um exemplo de multipartidarismo é o Brasil.
Finalmente, temos o partido único, sistema muito utilizado por ditaduras por todo o mundo, sejam elas autoritárias ou totalitárias. Tendo em vista que nesse regimes apenas um ponto de vista é aceito, não há discussão para se tomar decisões.

ATIVIDADES:
1) Quais as diferenças entre partidos de direita e esquerda?
2) Por que existe um sistema partidário?
3) Explique os 3 sistemas partidários existentes.
4) O que são os partidos e qual sua função?
5) O que é ideologia e qual sua importância?


8. ELEIÇÕES

A eleição é um procedimento pelo qual os membros de um grupo designam seus dirigentes e efetuam escolhas coletivas em relação à condução de seus assuntos comuns. É um fenômeno comum nas sociedades democráticas contemporâneas, tanto nos governos, quanto em organizações civis como empresas. Mas isto nem sempre foi assim, no início, apenas alguns podiam votar, primeiro apenas os homens ricos e livres, depois todos os homens, depois também as mulheres, depois também os pobres, até chegarmos ao que chamamos sufrágio universal e secreto, em que todos votam, e os votos tem o mesmo peso. O sufrágio universal tem que ser visto como uma conquista social, diversos grupos social, em diversas localidades do mundo lutaram muito, muitos inclusive violentamente para que hoje, possamos desfrutar desse benefício.
O que se discute é se os eleitores votam ou deveriam votar a partir de seus interesses próprios, sua ideologia, ou se votam ou deveriam votar a partir de alguma noção de bem comum. Se a resposta for a noção de bem comum, o que se pergunta é se isso é realmente possível. Será que os cidadãos são capazes de olhar para os interesses gerais da sociedade como um todo sem estar informado ou deformado pela sua própria ideologia.

1) O que é uma eleição?
2) Como chegamos ao chamado sufrágio universal?
3) Segundo o texto a que tipo de interesses o voto do cidadão segue?



9. CLIENTELISMO

Como você viu a política possui uma série de conceitos e idéias importantes para que ela seja compreendida e usada pelo cidadão comum, entretanto, em todos os países existem distorções que precisam ser levadas em consideração para que isto seja realizado efetivamente. No caso do Brasil, temos, por exemplo, o clientelismo.
A prática política de cooptação de eleitores vem desde o período em que o Brasil era Colônia de Portugal. O Clientelismo político, ou seja, a troca de favores entre candidatos e eleitores, persiste ao longo da história do país, modificando-se de acordo com a ocorrência histórica, mas sem perder o seu objetivo principal: conservar o poder político nas mãos das elites sociais. Assim, o Clientelismo, que é próprio da cultura política brasileira, está também inserido na lógica do capitalismo, em que tudo se transforma em mercadoria.

10. CORONELISMO

O termo coronel no período republicano significava chefe político de um determinado local que geralmente era dono de terras ou comerciante. Da forma com que prestavam serviços ao Poder Executivo os coronéis ganhavam prestígio e força. O coronelismo foi um período de práticas autoritárias e violentas comandadas pelos coronéis, fato que ocorreu até aproximadamente 1960. Os coronéis controlavam as pessoas da região e as obrigava a realizar fatos e tomar decisões segundo sua vontade. Aproveitavam o fato de que as pessoas eram desinformadas e pouco educadas para motivá-las a fazer segundo o que lhes era proposto. Os coronéis conseguiam formar regimes e tributos em sua região assim como estipular impostos e promover a candidatura de seu elegido. Como possuíam grande quantidade de colonos em suas terras e havia respeito seguido de “medo” por grande parte da população rural da região, os coronéis abusavam do seu prestígio para manipular as pessoas e até obrigá-las sob forma brutal a fazer sua vontade.
Este cenário começou a mudar quando as famílias começaram a migrar para os centros urbanos, o que lhes proporcionou acesso à educação, aos direitos que possuíam e aos meios de comunicação. Por causa dessa migração, os coronéis começaram a impor seus desejos através da força e da ameaça, as famílias obedeciam ao seu desejo com medo da violência que poderiam sofrer e temiam que o seu sustento fosse tomado. Hoje, ainda em locais do interior e distante das cidades, existem coronéis que abusam do seu poder para manipular as pessoas carentes de ensino e informação.
1) Explique o que é clientelismo e suas conseqüências para a sociedade?
2) O que é coronelismo e suas conseqüências para a sociedade?
3) Em sua opinião qual a origem dessas duas distorções da política brasileira?
4) Quais outras distorções você identifica na política brasileira?
5) Como estas distorções poderiam ser corrigidas?

11. NEPOTISMO

Existe uma relação possível entre os conceitos de burocratização de Weber e o de nepotismo (fato comum na política brasileira): o processo de burocratização causa uma crescente racionalização dos órgãos públicos e privados, visando à eficiência – marcada pela impessoalidade e pela cultura da meritocracia – e, no caso das empresas, visando também ao lucro. Deste modo, o exercício do nepotismo, entendido como uma indicação de parentes ou conhecidos, freqüentemente por favorecimento, abala o critério meritocrático e põe em risco um dos princípios fundamentais da burocracia, sua eficiência. Além disso, muitas vezes o nepotismo abre espaço à suspeitas de corrupção, ferindo o princípio da impessoalidade e da distinção entre o público e o privado, outras duas marcas importantes da administração burocrática.
Com relação ao Brasil, podemos perceber que a prática do nepotismo é algo tradicional, pois possui seus antecedentes na administração patrimonialista. Ao contrário do que preconiza Weber, que o funcionário deve ascender ao cargo por conta de alguns princípios como o mérito e a especialização, no Brasil, o quadro administrativo do estado patrimonialista, apenas burocratiza-se, não atendendo a alguns critérios como calculabilidade, impessoalidade, mérito, especialização. Isso se torna mais evidente quando nos deparamos com a problemática atual dos cargos ditos de “confiança” ou de livre-nomeação, que se constituem em práticas freqüentes, principalmente, nos setores públicos. Nesse âmbito, podemos perceber duas tendências: há aqueles que concebem essa prática como um atraso de uma administração com fortíssimos traços patrimoniais, burocráticos; e há aqueles que possuem uma visão alternativa, não fugindo dos argumentos do nepotismo meritocrático, segundo a qual não há problema em ter parentes empregados se eles estão trabalhando como qualquer outro funcionário.

MUNDO DO TRABALHO

CAPÍTULO 5
MUNDO DO TRABALHO
Professora Luciana Paula da Silva de Oliveira


O trabalho é simultaneamente produção de riqueza e fonte de desigualdade social. Pode ser uma obrigação, um fardo para se conseguir a sobrevivência e também um motivo para a realização pessoal e um meio para ascender socialmente.
O trabalho pode deixar marcas no corpo e no mente do trabalhador, afinal ele pode abalar sua saúde através dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais.


Um trabalhador sofre um acidente de trabalho quando uma das três situações é verificada:
1. é vítima de um acidente em decorrência das características da atividade profissional por ele desempenhada (acidente típico);
2. é vítima de um acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho;
3. é vítima de um acidente ocasionado por qualquer tipo de doença profissional produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho, peculiar a um determinado ramo específico de atividade.
Fonte: Ministério da Previdência Social.


Ou ainda pode ser exposto ao assédio moral que pode ser entendido como quando o chefe dá instruções confusas e imprevistas; bloqueia o trabalho alheio; atribui erros imaginários ao trabalhador; sobrecarregar o trabalhador de tarefas; ignorar a presença do trabalhador ou não cumprimentá-lo na frente dos outros; impor-lhe horários injustificados; insinuar que o trabalhador tem problemas mentais ou familiares; não atribuir-lhe nenhuma tarefa; retirar seus instrumentos de trabalho.

"Entre 2004 e 2005, fui moralmente assediada por coordenadores do departamento da universidade onde trabalhei até o mês passado. Depois de um período de afastamento, encontrei um ambiente hostil. Deram-me um horário irracional. Em um dia, tinha de trabalhar doze horas ininterruptas. Quase todos os dias, recebia ofícios de advertência, sem que nada tivesse feito de errado. Elegi-me para uma comissão de prevenção de acidentes e passei a ser ainda mais humilhada. Deram-me atividades de orientação de estagiários, com a justificativa de que eu não tinha qualificação para dar aulas. Numa reunião, o coordenador agrediu-me aos berros na frente de colegas e funcionários. Cheguei a ser colocada numa salinha, sem nada para fazer. Nesse processo estressante, adoeci e voltei a sofrer convulsões depois de 24 anos sem ter esse problema. Também perdi mais da metade da minha renda."
Denise Gomes, 50 anos, professora em Belo Horizonte, obteve, na Justiça, em primeira instância, a rescisão do contrato de trabalho e o direito a indenização de 25 000 reais.
Em muitas situações, o trabalho é sofrimento, principalmente quando o trabalhador não é valorizado e é explorado. Por outro lado, existe a negação do trabalho que pode ser verificado, no que a sociologia chama de desemprego por desalento, que é quando o trabalhador desempregado por longo tempo desiste de procurar emprego por causa das inúmeras vezes que não foi aceito.
O trabalho faz parte tão intrinsecamente do indivíduo que chega a se tornar um identificador social, exercer essa ou aquela atividade pode ajudar a definir o perfil das pessoas. Assim, quando o sujeito não está no mercado seja por causa do desemprego, seja por causa da aposentadoria é como se ele perdesse parte de sua identidade para com o restante da sociedade.
De qualquer forma, quando o homem age sobre a natureza e produz algo, esse determinado objeto possui um valor de uso, entretanto, quando se produz em grande quantidade, ao ponto de haver excesso, para além do consumo próprio, esse produto passa a ter um valor de troca.
É o que Marx chama de teoria do valor trabalho, segundo ele só o trabalho cria valor, quanto mais trabalho for necessário para se produzir determinado objeto, mais caro ele será, maior valor ele terá. Por isso, quando se aumenta a tecnologia, diminuindo a mão de obra necessária para a produção, o valor da mercadoria cai. Foi o chamado trabalho socialmente necessário para se produzir que foi menor.
Ainda segundo o mesmo autor a força de trabalho humana é trocada pelo salário, por isso ela é igualmente uma mercadoria. Assim, da mesma maneira que o valor de um sabonete é determinado pelo trabalho socialmente necessário para produzi-lo, o valor da força de trabalho é determinado por aquilo que é necessário para o trabalhador sobreviver. Entretanto, isso pode variar dependendo da época e do lugar do qual estamos tratando, tendo em vista que aquilo que é extremamente necessário para um povo pode não ser para outro.
O que Marx quer dizer é que quanto maior for o padrão de vida daqueles trabalhadores, maior vai ser o salário necessário para sua sobrevivência. Portanto, o valor de uma mesma atividade pode ser muito pequeno em determinados países e muito maior em outros. Isto explica, por exemplo, o fato de inúmeras multinacionais se instalarem em países pouco desenvolvidos economicamente. Eles preferem pagar salários baixos e lucrar mais.


O TRABALHADOR E A EXPLORAÇÃO DE SUA MÃO DE OBRA

Segundo Marx, o trabalhador no capitalismo sofre com algumas situações típicas desse modelo econômico. Um exemplo estudado por este autor foi que o assalariado não é mais dono dos meios de produção (as ferramentas que usa em seu trabalho), também não sabe mais produzir toda a mercadoria (tendo em vista que a fábrica dividiu o trabalho) e finalmente não é mais dono daquilo que é produto de seu trabalho e muitas vezes não se reconhece como autor daquela mercadoria. A isto este autor chamou de alienação econômica.
O capitalismo foi responsável por esse processo de alienação do trabalhador, pois, quanto menos ele souber do processo produtivo, mais facilmente ele será substituído e sua mão de obra também será mais barata.
Entretanto, não só esta alienação não é percebida no cotidiano, como também se tem a tendência de considerá-la como algo dado pela natureza, portanto, impossível de ser modificado.
Outro exemplo de exploração do trabalhador é o desenvolvimento do conceito de Mais Valia presente nos estudos de Marx. Este autor percebeu que o burguês não paga por tudo que o proletário produz. Esse trabalho não pago é a Mais Valia. Assim, se um personagem “X” trabalha numa fábrica e produz 1000 reais num período de um mês, recebe 400 reais de salário, a mais valia são os 600 reais não pagos a ele.
Existem dois tipos de Mais Valia, a Absoluta que acontece quando o número de horas trabalhadas aumenta e a Relativa que acontece quando a tecnologia envolvida no processo produtivo aumenta. Nesses dois casos, a produção aumenta, subindo também o valor retirado do trabalho do operário, ou seja, a mais valia.

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ (Bertold Brecht)
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia varias vezes destruída
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que
a muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os Cesares?
A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu alem dele?

Cada pagina uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.


O TRABALHO NEM SEMPRE FOI ISSO AÍ!

Durante a Idade Antiga o trabalho estava relacionado ao esforço físico, cansaço e a penalização. Era considerada uma atividade indigna reservada aos escravos. Os cidadãos tinham essa condição pelo fato de não precisarem trabalhar.
Na Idade Moderna o trabalho passou a ser visto de outra maneira, passou a ser interpretado como um valor social. Aquilo que era visto como um sofrimento passou a ser motivo de orgulho dos indivíduos.
No século XX ser assalariado passou a ser condição de cidadania, pois através dele se poderia ter acesso a uma série de direitos trabalhistas que tornava a vida dos indivíduos mais próxima de um bem estar social. No Brasil a garantia de 8 horas de trabalho e férias remuneradas foi uma conquista da luta dos trabalhadores assalariados.
Em 1917 houve uma onda de greves iniciada em São Paulo em duas fábricas texteis e entre os servidores públicos, rapidamente se espalhou por toda a cidade, e depois por quase todo o país. Logo se estendeu ao Rio de Janeiro, e outros estados, principalmente ao Rio Grande do Sul. Foi liderada por elementos de ideologia anarquista, dentre eles vários imigrantes italianos. Os sindicatos por ramos e ofícios, as ligas e uniões operárias, as federações estaduais, e a Confederação Operária Brasileira (fundada em 1906) sofriam forte influência dos anarquistas. Entre 1914 e 1923, o salário havia subido 71% enquanto o custo de vida havia aumentado 189%; isso representava uma queda de 41% no poder de compra dos salários.


A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

Para Weber a religião protestante provocou uma alteração na maneira como as pessoas viam o trabalho, de castigo divino para a glorificação de Deus. Acreditavam que o trabalho árduo, sem preguiça e sem gastos desnecessários seriam características fundamentais para a salvação. Desta forma, não só o trabalho passou a ser fortemente valorizado, mas também o seu fruto, o dinheiro, estimulando a poupança e o investimento, isto tudo, é claro, auxiliou no desenvolvimento do capitalismo.
Não se pode, entretanto, dizer que a chamada ética protestante que alterou a maneira como se vê o trabalho, possa ser o único fator para o fortalecimento do capitalismo, tendo em vista que muitos países não protestantes tiveram esse modo de produção muito desenvolvido. Esta conseqüência foi algo não planejado no interior da teologia protestante.
Mas como Weber chegou a essa conclusão? Estudando a convicção religiosa protestante, percebeu que ao retirar a figura do intermediador entre o fiel e Deus (padre), os protestantes passaram por um profundo processo de racionalização e desencanto pelo sagrado como algo que pudesse mostrar a ele a salvação. Somente uma vida rigorosamente submetida aos mandamentos divinos e na eficiência social poderia dar a ele um sinal de sua eleição ao paraíso. Veja, não seriam as boas obras as responsáveis pela salvação, mas se o indivíduo tivesse a capacidade para o trabalho rentável, essa vocação seria um sinal divino do destino de sua alma.

Reforma Protestante
Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou muito mais poderosa, interferindo nas decisões políticas e juntando altas somas em dinheiro e terras apoiada pelo sistema feudalista. Desta forma, ela se distanciava de seus ensinamentos e caía em contradição, chegando mesmo a vender indulgências (o que seria o motivo direto da contestação de Martinho Lutero, que deflagrou a Reforma Protestante propriamente dita), ou seja, a Igreja pregava que qualquer cristão poderia comprar o perdão por seus pecados.
Outros fatores que contribuíram para a ocorrência das Reformas foi o fato de que a Igreja condenava abertamente a acumulação de capitais (embora ela mesma o fizesse). Logo, a burguesia ascendente necessitava de uma religião que a redimisse dos pecados da acumulação de dinheiro.
Desta forma, Martinho Lutero, monge agostiniano da região da saxônia, deflagrou a Reforma Protestante ao discordar publicamente da prática de venda de indulgências pelo Papa Leão X.

DIVISÃO SOCIAL PARA MARX

Para Marx, as classes sociais sempre se referem ao fato de serem elas proprietárias dos meios de produção ou não. E por meios de produção entendam-se as ferramentas, as fábricas, as máquinas, ou seja, os meios pelos quais se produz mercadorias. Assim, quem é dono dos meios de produção sempre são os que chamamos de ricos, durante os diversos períodos da história foram chamados de senhores de escravos, senhores feudais, patrícios e hoje de burgueses. Logo quem não tem nada, trabalha em troca de sobrevivência, durante os diversos períodos da história foram chamados de escravos, servos, plebeus e hoje de proletários.
Este autor percebia que havia outras classes intermediárias entre estas duas citadas acima, entretanto, elas não tinham nenhum potencial de mudança social. Para ele, no dia que houvesse alguma disputa entre a burguesia e o proletariado, as classes intermediárias teriam que necessariamente tomar posição ao lado de uma das duas.
Na ânsia pelo lucro, a burguesia agiria explorando cada dia mais os proletários e isso resultaria da falência do próprio modo de produção capitalista. Esta contradição seria própria do capitalismo. Caberia aos proletários estarem prontos quando este dia chegasse para assumir seu lugar na história e acabar com esse sistema e dar lugar ao socialismo. Entretanto, para que isso acontecesse, seria necessária, entre outras coisas, a consciência de classe.
A consciência de classe é um conceito importante para Marx. Nele é revelado que por causa da grande alienação econômica, o proletariado não conseguiria se reconhecer como parte de uma mesma classe social em relação a seus pares. Comportar-se-iam de maneira competitiva e individualista com seus iguais, tornando a classe proletária desunida e desorganizada para realizar grandes mudanças sociais. Mudanças estas que seriam de inteira responsabilidade do proletariado.



DIVISÃO SOCIAL PARA DURKHEIM

Para Durhheim, a divisão social pode ser dividida entre aquela que pôde ser vista nas sociedades “primitivas” em que os indivíduos eram muitos parecidos entre si, tem os mesmos valores, reconhecem os mesmos objetos como sagrados, assim, a característica fundamental é a coesão social pela semelhança. Todas estas características faziam parte do que o autor chamou de solidariedade mecânica. Isto tudo está ligado ao conceito de consciência coletiva, entendido como “o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns ‘a média dos membros de uma sociedade” (DURHEIM, ). A força da consciência coletiva na sociedade mecânica é tão forte que se observa no rigor dos castigos impostos ‘aqueles que violam as proibições sociais. Quanto mais forte é a consciência coletiva, mais forte será a indignação com o crime.
Já nas sociedades industrializadas como a nossa, Durkheim percebia que os indivíduos não se parecem, cada um tem uma função indispensável para a sociedade. Nesse caso, a coesão social se dá pela diferença. A consciência coletiva fica enfraquecida e isto se revela na banalização da violência, ou seja, o crime passa a não ter mais a indignação como resposta forte e imediata. A isto este autor chamou de solidariedade orgânica.
Como via a sociedade como um organismo vivo, também notava que havia patologias, ou seja, espécies de doenças que provocariam a desintegração social, a isto Durkheim chamou de anomia. Crises econômicas, inadaptação dos trabalhadores as suas ocupações, a violência das reivindicações seriam patológicas, portanto, teriam de ser evitadas.


DIVISÃO SOCIAL PARA BOURDIEU

Para Bourdieu as diferenças entre os indivíduos e os grupos não se dá pelos fatores econômicos, mas pelos fatores culturais como estilos de vida, gostos e formações escolares. Assim, uma pessoa pode fazer parte de uma mesma “classe” por ter os mesmos capitais.
Uma pessoa pode ter grande capital cultural (por ter grande conhecimento sobre as artes) e nenhum capital econômico (por não ter dinheiro). Outra pessoa pode ter grande capital social (por ter grande facilidade por manter relações sociais com indivíduos importantes e influentes) e não ter nenhum capital cultural...
Assim, ter o mesmo capital implica acreditar nas mesmas coisas, se comportar da mesma forma, ser aceito pelo grupo. Por outro lado, quando o indivíduo entra no espaço daqueles que possuem algum capital que não é o seu, imediatamente é ridicularizado, reconhecido em seu não pertencimento.



ATIVIDADES:
1) Porque podemos dizer que o trabalho é algo contraditório?
2) O que é assédio moral e qual a conseqüência para a vida do trabalhador?
3) Comente a idéia de que o trabalho é um identificador social.
4) O que é valor de uso e valor de troca e sua relação com o conceito de trabalho socialmente necessário?
5) Estabeleça a relação entre o conceito de mercadoria e de venda da força de trabalho.
6) O que é mais valia? Qual a diferença entre absoluta e relativa?
7) Quais as características da alienação econômica?
8) Faça um texto relacionando o poema “Perguntas de um trabalhador que lê” e a teoria de Marx.
9) Qual a relação entre a ética protestante e o espírito do capitalismo segundo Weber?
10) Diferencie as visões de Marx, Durkheim e Bourdieu sobre a sociedade.
11) Diferencie os conceitos de consciência de classe de Marx e de consciência coletiva de Durkheim.

12) Com relação aos conceitos de solidariedade mecânica e orgânica na obra de Durkheim, assinale a alternativa incorreta:
a) a solidariedade orgânica é própria das sociedades pós-capitalistas
b) a solidariedade mecânica é a forma de coesão própria das sociedades pré-capitalistas
c) a solidariedade orgânica é definida como aquela em que a coesão se dá pela diferenciação das funções
d) a solidariedade mecânica está fundada na semelhança entre as funções.

13)Sobre o conceito de solidariedade orgânica de Durkheim, marque a alternativa incorreta:
a) evolui em razão inversa à solidariedade mecânica
b) corresponde ‘a coesão social própria das sociedades que apresentam divisão do trabalho social mais complexa
c) assenta-se sobre um processo crescente de diferenciação dos indivíduos
d) expressa a redução da margem de interpretação da consciência individual acerca dos imperativos coletivos

14) Sobre a divisão social do trabalho, de acordo com a formulação de Durkheim, marque a alternativa correta:
a) quanto maior a divisão do trabalho, maior a solidariedade mecânica.
b) os serviços econômicos que ela pode prestar são seus reais e mais importante função
c) não apresenta nenhuma relação com a coesão social
d) seu mais notável efeito é de tornar solidárias as funções divididas.

15) Sobre a ética do trabalho, conforme a sociologia de Weber, é correto afirmar que:
a) o estilo de vida com base na ética católica possibilitou o desenvolvimento do capitalismo no ocidente.
b) a uma relação impositiva entre a ética protestante e o espírito capitalista.
c) a uma relação causal entre a ética protestante e o espírito capitalista.
d) a uma relação causal entre a ética protestante, baseada na contemplação, e o espírito do capitalismo.

16) Sobre o significado de consciência coletiva na teoria de Durkheim, marque a alternativa correta:
a) representa um conjunto de regras sociais que se coloca acima das consciências individuais, estabelecendo uma coesão social fundada nas diferenças entre os membros da sociedade.
b) representa um conjunto de crenças comuns à média dos membros de uma mesma sociedade.
c) está intimamente relacionada às sociedades de grande divisão social do trabalho
d) define um tipo de coesão social baseado numa rede de funções interdependentes.





INDICAÇÃO DE FILME: TEMPOS MODERNOS

INDUSTRIA CULTURAL

1. Meios de comunicação e a análise sociológica

Indústria cultural é o fenômeno que possibilitou a produção em grande escala de produtos culturais, que são os programas de TV, de rádio, músicas, jornais impressos, livros, revistas, esculturas, quadros, sites, cinemas e etc.
A cultura de massa é produzida para o consumo de todas as classes sociais, de todos os níveis educacionais, de todas as idades e sexo, assim, os produtos culturais devem ser intencionalmente simplificados para que possam ser compreendidos por todos. Isso significa que na maioria das vezes existe um empobrecimento daquilo que se gostaria de transmitir.
Nesse tipo de sociedade dominada pelos meios de comunicação, os indivíduos são mergulhados nesse ambiente quer queiram ou não e isto traz como conseqüência o surgimento de um indivíduo que é valorizado por sua capacidade de memorização e não por sua aptidão em estabelecer conexões, sínteses e análises.
Por isso, os chamados mass media (os responsáveis pelos produtos culturais) são capazes de absorver e transformar idéias e criações originais em produtos simplificados e uniformes, de maneira que todos assistem, ouvem e lêem as mesmas coisas. Que é claro podem estar repletos de valores políticos, ideológicos e religiosos escondidos.
Um grupo de pensadores importante começou a analisar os meios de comunicação e sua relação com a sociedade, eles ficaram conhecidos como a Escola de Frankfurt e acreditavam que a reprodução da obra de arte em grande escala a banalizava, tornava-a algo sem profundidade, e a grande maioria das pessoas que passaram a poder ter contato com ela não conseguia entender de fato seu significado.
Entre estes pensadores estão Adorno e Horkheimer que entendiam os meios de comunicação como uma ferramenta usada pela burguesia para alienar os trabalhadores, ou seja, fazer com que a classe trabalhadora se sentisse iludida, seduzida por um mundo de fantasias e esquecesse o mundo real onde eram explorados.
Para a Escola de Frankfurt os veículos de comunicação desconsideram a diversidade cultural dos grupos que os consomem e isto provoca uma padronização do público, como se todos fossem iguais, se comovessem pelas mesmas coisas, rissem pelos mesmos motivos e quisessem saber exatamente das mesmas notícias.
Além disso, segundo eles a indústria cultural auxilia o capitalismo no processo de criação de novas necessidades de consumo junto ao público, desta forma, mesmo que o indivíduo tenha todas as roupas de que necessita o fato de aparecer seu ídolo da música ou das telenovelas com uma blusa deste ou daquele tipo, faz com que o sujeito se veja impulsionado a comprar mais uma peça, sob pena de sentir-se angustiado e frustrado consigo mesmo.
Por outro lado, há outro grupo liderado pelo americano Marshall Mcluhan que tinha uma visão totalmente inversa ao da Escola de Frankfurt, pois consideravam os meios de comunicação como algo positivo em que as distâncias entre as pessoas diminuiriam, onde mais pessoas teriam acesso a uma maior quantidade de informações, e com elas os indivíduos poderiam não só simplesmente saber mais coisas, mas também ter a possibilidade de alterar sua formação escolar e intelectual e, além disso, a padronização dos produtos culturais (que era mal visto pelos pensadores da Escola de Frankfurt) era tida como uma forma de unir as pessoas em torno de algo, haveria por isso a diminuição do número de conflitos entre diferentes grupos.
Numa posição quase intermediária entre estes dois grupos, estava Walter Benjamin, que ainda que estivesse ligado à Escola de Frankfurt, reconhecia que embora a aura da obra de arte tivesse desaparecido com sua reprodução em larga escala, nunca houve outro momento da história em que tantas pessoas puderam ter acesso a um número tão grande de produtos culturais. E por aura da obra de arte, Benjamin entendia aquilo que a fazia única, algo mágico que fazia daquele quadro ou daquela música alguma coisa especial.

2. Jornal

Pode-se dizer que tudo começou de fato com a criação dos jornais impressos, a invenção da imprensa por Gutemberg possibilitou que muitas pessoas tivessem acesso às notícias que antes corriam de boca em boca pelas ruas. Somando-se a isto a queda do valor do preço do papel que se usava para fazer o jornal ampliou ainda mais esta tendência. Para aumentar as vendas desse produto cultural, os primeiros donos de jornais apostaram nos folhetins, que eram histórias longuíssimas que eram seguidas pelos leitores por semanas e que serviram de antecessoras às atuais telenovelas.
A partir do século XIX o jornal tornou-se um negócio altamente lucrativo seja por causa dos anúncios pagos, seja por causa do barateamento do papel, seja por causa das estratégias de venda. Daí começa um grande problema, como conciliar os interesses financeiros e políticos dos donos dos jornais e da classe social de que eles fazem parte com a notícia.
Veja, a função do jornalismo é informar, e nesse sentido deve servir à sociedade, quando reúne informações, escreve as notícias e as divulgam. Mas como fazer isto, sem que as notícias não acabem misturadas com opiniões, prejulgamentos, preconceitos e assim por diante. Tendo em vista que, a verdade, a imparcialidade e a objetividade são regras básicas do jornal. Para conseguir estas características é preciso que não se omita nada do público, que se ofereçam todos os ângulos da mesma notícia e reconhecer quando se erra.
A questão é que o jornal também é um produto cultural de massa, ou seja, para todos lerem, e isso faz com que surja a necessidade de simplificar o texto, para que todos compreendam e para que caibam mais notícias, desta forma surge um jornal superficial, sem todos os ângulos das notícias, e por isso, muitas vezes tendencioso.
Existem fases no processo de produção de um jornal, primeiro é preciso saber de tudo que aconteceu naquele período de tempo, depois selecionar quais assuntos deverão ser noticiados, e depois de que ângulo esta história será contada. Ora, o ato de selecionar um acontecimento importante em detrimento de outro está imerso em opiniões específicas do grupo de comanda aquele determinado jornal, e a mesma coisa acontece com relação aos ângulos escolhidos para noticiar o fato. O que acontece em muitos casos é que o público consome opiniões jornalísticas ao invés de notícias de fato, e fazem isto sem perceber.
Para evitar cair nessa armadilha cabe ao consumidor de jornal ler e ser capaz de perceber quando os princípios do jornalismo não estão sendo obedecidos, quais sejam, a objetividade e a imparcialidade. Entretanto, se levar em conta a pesquisa realizada pelo IBOPE em setembro de 2005, em que demonstra que 75% da população brasileira é analfabeto funcional, ou seja, sabe ler e escrever, mas não consegue interpretar um texto simples de jornal, a armadilha está a espera da grande maioria.

3. Propaganda

A propaganda veiculada através dos meios de comunicação tem um grande poder ao influenciar o público ao consumir determinado produto e não outro. Isto porque a propaganda não é apenas a divulgação do que existe para se comprar. Pelo menos é o que pensa a Escola de Frankfurt. Para eles a propaganda é um instrumento intencional e possui técnicas para convencer os indivíduos do que estão vendendo, seja uma mercadoria, seja uma idéia, seja um candidato.
Segundo estes pensadores a propaganda vende um estilo de vida, assim, quando alguém compra um determinado xampu, também está comprando a feminilidade e juventude. Afinal, que tipo de mulher é vista nestes comerciais? Sempre muito femininas e sempre jovens. Quando alguém compra um determinado carro, pode estar comprando também a emoção da velocidade, a masculinidade, o sucesso profissional e com as mulheres. Afinal, em muitos comerciais de carro que tipo de pessoa está sendo mostrado? Na maioria são homens, másculos, que correm a 200 km/h e sempre com mulheres os desejando.
Por outro lado, a propaganda pode reforçar preconceitos ao perpetuar estereótipos, assim, quando se ouve falar num executivo, num bailarino, num jogador de basquete, num ladrão, numa faxineira, num pedreiro, num político ou outro indivíduo um tipo físico vem prontamente à cabeça de todos, mas essa imagem nem sempre corresponde à verdade. Seguindo este raciocínio há sempre um grupo pré-estabelecido para representar este ou aquele produto ou marca.
Além disso, quem faz a propaganda preocupa-se em saber quem é o público alvo do produto que se quer vender. Por exemplo, o público alvo do comercial de cerveja é o homem, e para convencê-lo a comprá-la o recurso usado é o da mulher bonita com poucas roupas, desta forma, a mensagem que é passada é a de que se o indivíduo consumir aquela bebida terá aquele tipo de mulher. Esta lógica funciona para o mercado publicitário e é usado a muitas décadas, entretanto, o que cabe discutir é o uso da figura feminina como um objeto a ser vendido junto com a mercadoria de fato.
Numa sociedade que possui toda uma legislação de proteção aos cidadãos, certas parcelas permanecem sendo exploradas e usadas pelas propagandas como se fossem caricaturas, objetos e mercadorias. E se isso não fosse o bastante, o próprio consumidor, em sua maioria, não percebe este tipo de abuso e consome os produtos anunciados reforçando a prática.

4. Rádio

Em pleno século XXI, época tantas tecnologias, é fácil imaginar que o rádio está ultrapassado e não pode mais fazer o trabalho que fazia no século XX. Entretanto, muitos sociólogos fizeram diversas pesquisas e demonstraram que mesmo atualmente este veículo de comunicação continua tendo grande poder.
Isto porque o consumidor do rádio não precisa estar totalmente atento, pode realizar outra atividade ao mesmo tempo em que ouve o rádio. Os especialistas alertam que assim o público recebe as mensagens mais facilmente no inconsciente, onde a capacidade crítica fica extremamente reduzida. É por tudo isto que existe uma relação forte entre radialistas e sua capacidade de serem eleitos sem muita propaganda ou vínculo partidário claro.
Os programas de radialistas eleitos aos cargos parlamentares são muito semelhantes entre si, prestam serviços de todo tipo, desde assistência jurídica, conselhos para a vida, doações de cestas básicas, cadeiras de rodas, além de vagas de emprego e intermediações de compra e venda. Muitas vezes o radialista é a voz do ouvinte, é aquele que fala o eu os ouvintes gostariam de dizer se tivessem oportunidade e um microfone.
Todas as formas usadas pelos radialistas para seduzir o ouvinte são técnicas intencionais com um objetivo específico de convencê-lo e de conquistar credibilidade para si e para partilhar com candidatos do mesmo partido. Isto faz com que os radialistas sejam disputados por diversos partidos.

5. Novelas

Num país como o nosso em que um número muito grande de pessoas tem como principal entretenimento o ato de assistir novelas, cabe aqui um espaço para uma análise sociológica. Que tipo de valores, preconceitos, novas formas de relações sociais e tipos de produtos são veiculados nessas novelas? Que tipo de questões provoca para o debate nacional? Existe algum tipo de reprodução das relações sociais típicas do capitalismo?
Baseado nas teorias da Escola de Frankfurt pode-se dizer que as novelas em sua maioria iludem o público com histórias cheias de finais felizes em que a moça pobre consegue ascensão social através do casamento com o rapaz milionário. Fato este que é altamente improvável numa sociedade capitalista em que os membros da classe dominante casam-se entre si para aumentar suas posses.
Além disso, há a reprodução dos hábitos típicos do Rio de Janeiro e de São Paulo como se estes representassem a cultura de todo o Brasil. E isso é verificado através da reprodução de estereótipos de personagens nordestinos, do interior de Minas, de sulistas, e assim por diante. Ao fazer isto, as novelas são desrespeitosas para com estas regiões.
Outra característica verificada é a veiculação de propagandas indiretas de produtos, de novas modas e de determinadas idéias. Isto acontece quando um personagem usa determinado produto (um perfume, um sapato ou uma calça de determinada marca, por exemplo), quando usa uma bolsa, um lenço ou uma jóia diferente, e quando o personagem defende algumas idéias no meio da trama da novela. Tudo isto, tem um efeito grande no público porque ele é pego desprevenido já que não está esperando ver uma propaganda.
De qualquer forma, segundo Gramsci a novela serviria como estrutura de consolo, para fazer o operário sonhar acordado e com isso desmobilizá-lo para uma possível reivindicação social.

6. Concessões de TV e Rádio

Em quase todos os lugares do mundo o que é necessário para se abri uma emissora de TV ou rádio? Muitos diriam dinheiro, profissionais gabaritados, prédios e equipamentos. O fato é que tudo isso seria insuficiente sem uma concessão dada pelo governo federal por tempo determinado e sendo obrigado a se comportar seguindo alguns preceitos éticos:
a) Neutralidade ao dar as notícias;
b) Informar à população tudo o que for de seu interesse e
c) Participar de campanhas que privilegiem a saúde, educação e a cidadania.
Desta forma, se uma emissora de TV ou rádio descumprirem as regras do contrato de concessão, o governo federal teria todo direito de cancelar ou não renovar qualquer concessão.

ATIVIDADES:

1) O que é indústria cultural?
2) O que acreditavam os integrantes da Escola de Frankfurt?
3) O que acreditavam os seguidores de Macluhan?
4) Como deveria ser o jornal? E como ele é de fato?
5) Leia o texto sobre propaganda e faça uma redação de 15 linhas com o título: “Propaganda e seu poder social”.
6) Porque pode-se dizer que o rádio tem algum poder?
7) Como a Escola de Frankfurt explica a novela?
8) Faça uma pesquisa sobre a Rede Globo na Super Interessante de junho de 2005 e faça um texto relacionando com o tema concessão de TV.
9) Partindo de uma perspectiva da Escola de Frankfurt de análise da relação entre democracia e meios de comunicação de massa, aponte a alternativa correta:
a) a imprensa sempre atuou em favor de grupos minoritários, procurando moldar a opinião pública em função dos interesses de classe dos proprietários dos meios de produção e dos meios de comunicação de massa.
b) a concentração da propriedade de emissoras de rádio, TV, jornais e editoras nas mãos de grupos empresariais restritos se devem à competência técnica desses grupos.
c) esses grupos servem para democratizar as informações para toda a sociedade.
d) nda
10) A indústria cultural difunde maneiras de se comportar, propõem estilos de vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar a casa, de se vestir, maneira de falar, e de escrever, de sonhar, de sofrer, de pensar, de lutar e de amar. Assinale a alternativa correta:
a) a indústria cultural é responsável apenas pela veiculação de imagens e informações que refletem a realidade como ela é.
b) a indústria cultural homogeneíza todos os indivíduos através do consumo dos mesmos produtos e idéias.
c) a indústria cultural permite que as minorias se manifestem e controlem parte do que é produzido por ela.
d) a indústria cultural tem como objetivo maior tornar os indivíduos sujeitos críticos de sua situação de classe.




INDICAÇÃO DE FILME: AO VIVO, X MEN 3, O SHOW DE TRUMAN

CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO

1. Cultura e o senso comum

Senso comum é a opinião dos indivíduos embasada nas relações sociais do cotidiano, sem nenhuma formulação científica. É enfim, o que as pessoas acham das coisas que as rodeiam. Nesse sentido, os sujeitos costumam usar a palavra cultura como se significasse acúmulo de conhecimentos sobre algum assunto. É comum ouvir frases do tipo: “fulano é um homem com muita cultura, pois fez três faculdades!”.
Nada mais falso que usar esta palavra nesse sentido.


2. Cultura e a ciência

A antropologia é a ciência que estuda as diferenças culturais entre os povos, portanto, é a partir dela que se deve olhar essa palavra. Segundo a ciência cultura é o conjunto de todos os costumes, crenças, valores e hábitos de um povo.

3. Características da cultura

• Todos os povos do mundo possuem cultura. Se cultura é o conjunto de costumes de um povo, não importa onde ele vive, se é rico ou pobre todos possuem cultura.
• Não existem culturas inferiores ou superiores. Toda cultura deve ser observada a partir dos olhos daquele que tem aquela cultura. Muitos hábitos que não fazem sentido para um povo fazem para outro. Aquilo que parece estranho e bizarro para um povo não o é para outro.
• A cultura é transmitida através das relações sociais da geração antiga para com a mais nova. Isto significa que todo ser humano nasce biologicamente apto a se socializar em qualquer cultura.
• É cultura tudo que for criado pelo ser humano. Desde prédios, casas, roupas, ciência, tecnologia, até danças, rituais, músicas, gostos...
• A cultura é algo exclusivamente humana. Os animais são incapazes de produzir cultura, pois não conseguem dar significado aos seus atos. Até mesmo as chamadas sociedades animais (formigas e abelhas) fazem seu trabalho por toda a vida porque seu dever está impresso em sua genética.
• A cultura é dinâmica. Conforme o tempo e o lugar ela será diferente. Nem pior, nem melhor, apenas diferente.

3.1. Diferenças culturais

As diferenças culturais ultrapassam aos costumes mais visíveis como religião, danças e comidas típicas. Estão presentes também em como as pessoas se movimentam ao andar, falar, paquerar até mesmo ao rir. Alguns povos são discretos ao acharem algo engraçado, outros são muito escandalosos... Podem variar também sobre o que se acha graça, os americanos morrem de rir quando atores em cena jogam tortas uns nos outros, os brasileiros adoram piadas relacionadas ‘a sexualidade e os japoneses muitas vezes riem em situações desagradáveis para serem educados.
Há uma história verdadeira que pode ilustrar bem sobre isso: “Uma jovem da Bulgária ofereceu um jantar para os estudantes americanos, colegas de seu marido, e entre eles foi convidado um jovem asiático. Após os convidados terem terminado os seus pratos, a anfitriã perguntou quem gostaria de repetir, pois uma anfitriã búlgara que deixasse os seus convidados se retirarem famintos estaria desgraçada. O estudante asiático aceitou um segundo prato, e um terceiro – enquanto a anfitriã ansiosamente preparava mais comida na cozinha. Finalmente, no meio do seu quarto prato o estudante caiu ao solo, convencido de que agiu melhor do que insultar a anfitriã pela recusa da comida que lhe era oferecida, conforme o costume de seu país.” (Roger Keesing)
Ainda que todos falassem a língua inglesa e estivessem conversando ‘a mesa, ter um costume diferente e não ser compreendido por causa dele é o mesmo que não falar o mesmo idioma e pretender uma convivência plena. A cultura é um conjunto de símbolos, signos e significados, todos os costumes, por mais naturais que pareçam são dotados de sentidos para um povo e não para todos.


HÁBITOS ALIMENTARES AQUI E EM OUTROS LUGARES

Reconhecer o caráter cultural e histórico dos hábitos alimentares do Cariri (Aracaju) está diretamente ligado a conhecer a história de seu povo e de sua formação. A alimentação espelha as crenças e o modo de vida das pessoas, como os mitos e tabus relacionados a alguns alimentos, que não têm uma origem certa, o que se sabe é que eles existem desde a época do Brasil-colônia e são passados de geração a geração.
A culinária sertaneja baseia-se na pecuária e nos gêneros agrícolas local. Alimentos da terra como: batata-doce, coco, milho e macaxeira, são muito utilizados no preparo de mungunzá, tapioca, cuscuz, pamonha, bolo de milho, canjica e pé-de-moleque, já o arroz e o feijão verde formam um fabuloso dueto chamado de baião-de-dois, com nata, piqui e queijo de qualho. Outro ingrediente famoso e sempre presente nas receitas é a carne de sol, usada no preparo da paçoca, e utiliza-se também o bode no preparo de buchada, panelada e sarapatel. Como acompanhamento ou apenas para degustar, temos o caldo-de-cana, sucos de frutas tropicais e até mesmo a deliciosa e apreciada “Cajuína”, refrigerante do suco de caju, made in Juazeiro do Norte. Como sobremesa tem a rapadura, doces de frutas, cocadas e outros mais.
China: Devido a sua grande extensão territorial, os hábitos e costumes alimentares variam de acordo com a região. Nas províncias centrais e do norte a comida costuma ser bem apimentada. No sul do país é comum comer gatos, cães e outros animais. Já no oeste e norte, a comida é mais simples, como macarrão e bolinhos feitos de farinha de trigo.
Religião: A influência das raças e religiões é marcante. Os muçulmanos e judeus não comem carne de porco e derivados, enquanto os hindus não comem carne de vaca. Muitos hindus são estritamente vegetarianos e outros consomem peixes e mariscos.



4. Aculturação

Ainda que muitos antropólogos tenham abolido o conceito de aculturação, pois compreendem que a cultura não é estática e, portanto, ela pode misturar-se com outras e se reinventar, continua sendo importante perceber que do contato entre culturas diversas algumas levam vantagem em relação às demais, tendo seus costumes como dominantes nessa reinvenção.
Em outras palavras, aculturação é quando duas ou mais culturas se encontram e uma acaba “vencendo” as demais pela força das armas ou da economia, por exemplo. Assim, quando portugueses chegaram ao Brasil formaram uma cultura diferente (a brasileira), formada por características culturais dos indígenas e dos africanos, entretanto, fica muito claro que a cultura portuguesa saiu como a hegemônica, como a dominante.

5. Grupos contraculturais

Em todas as épocas grupos de jovens colocam-se de maneira contrária aos costumes de seu tempo, contestando valores e comportamentos tidos como os mais corretos e “naturais”. Se determinado movimento contracultural for forte suficiente ele pode deixar uma herança comportamental para as gerações seguintes.
No Brasil, essa idéia de contracultura pode ser notada com o desenvolvimento do movimento hip hop. Embalados pelo som eletrônico e letras com rimas de denúncia, diversos jovens da periferia das grandes cidades absorveram um gênero musical estrangeiro para apresentar a miséria e violência que se espalhavam em várias cidades do país. Hoje, essa manifestação se diversificou e direciona a realização de diversos projetos sociais que divulgam cultura e educação.
A experiência contracultural tem uma importante função de rever os valores do cotidiano e dessa forma rascunhar outros possíveis caminhos para novos comportamentos sociais.
Nos EUA o movimento contracultural mais famoso foi o Hippie que propunha rejeitar o amor cego ‘a nação, ao trabalho alienante e a rápida ascensão social através do consumismo exagerado. Essa foi a época da guerra do Vietnã e o movimento Hippie posicionou-se contrário a guerra pregando o amor e o desenvolvimento de um mundo alternativo com mais liberdade e tolerância entre as pessoas.

6. Etnocentrismo
Todos os povos do mundo têm uma tendência por considerarem o seu modo de vida como o mais correto e mais civilizado, a isso a antropologia chama de etnocentrismo.
Isto acontece porque os povos fazem da sua visão de mundo a única possível, neste caso o “outro” transforma-se no grupo que é engraçado, absurdo, anormal ou incompreensível. Muitas vezes existe inclusive a associação de humanidade para o comportamento do próprio grupo e consequentemente a dúvida latente da humanidade do “outro”.
Foi exatamente isto que ocorreu quando os europeus encontraram os povos do novo mundo, os nativos das Américas eram tão diferentes deles que chegou a provocar dúvidas (não só nos marinheiros, mas nos grandes pensadores da época) em relação a existência de alma entre estes novos povos ou ainda se eram realmente humanos e não apenas algum tipo de animal que um dia viria a ser gente.
Por isto é fundamental relativizar. E relativizar é o ato de se colocar no ponto de vista cultural do “outro” e perceber o sentido de determinado costume. Ex: certa vez um missionário branco foi até uma tribo indígena e passou lá alguns meses, certa tarde um dos índios quis que o visitante lhe desse o relógio muito dourado que ele carregava no pulso. Sem saber o porquê daquele pedido, o missionário deu o relógio (ainda que fosse muito caro) e o índio muito satisfeito o pegou e colocou no alto de uma árvore muito alta da floresta, de maneira que quando o sol batia nele provocava um grande reflexo. Quando o visitante foi embora, chegou a sua sala de estar e pendurou na parede um imenso arco e fecha como lembrança dos meses que havia passado junto ‘aquele povo. Ora, relativizar é compreender que o que o índio fez com o relógio do homem branco significa o mesmo que a atitude do missionário ao colocar o arco em sua parede.
Se o exercício da relativização não acontece o etnocentrismo pode provocar todo tipo de conseqüências: guerras e torturas como no caso do nazismo que acreditava que a raça ariana era a mais pura; escravidão no caso dos europeus que subjugaram os africanos durante as Grandes Navegações; a simples imposição de uma cultura sobre a outra no caso dos EUA diante do resto do mundo.

6.1. Determinismo geográfico

No final do século XIX e início do XX algumas teorias desenvolvidas por geógrafos foram muito populares no mundo todo. Elas acreditavam que as diferenças do ambiente físico condicionavam a diversidade cultural.
Para comprovar o quanto estas idéias são falsas, basta apresentar como vivem os lapões e os esquimós. Ambos moram na calota polar norte, os primeiros no norte europeu e os segundos no norte da América. Vivendo em ambientes geográficos semelhantes teriam os mesmos costumes, entretanto, isto não é verdade, tendo em vista que, por exemplo, constroem casas diferentes, os lapões o fazem de peles de animais e os esquimós com blocos de gelo, além disso, os primeiros são criadores de renas e os segundos limitam-se a caçar os mesmos animais.

6.2. Determinismo biológico

É muito comum a idéia de associar certas características a determinadas “raças” ou a outros grupos humanos. Muita gente acha, por exemplo, que os nórdicos são mais astutos que os negros; que os alemães têm mais destreza para a mecânica; que os judeus são avarentos e comerciantes; que os norte-americanos são empreendedores e ambiciosos; que os portugueses são muito trabalhadores e pouco espertos, que os japoneses são ardilosos e cruéis; que os ciganos são nômades por instinto, e, finalmente, que os brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a desleixo dos índios e a sensualidade dos portugueses.
Todos estes perfis de comportamentos não são determinados pela genética, tendo em vista que qualquer criança normal pode ser educada em qualquer cultura e passar a agir como qualquer um dos povos citados acima. Nem as atividades que acreditamos serem naturalmente femininas ou masculinas são originadas pela hereditariedade, tendo em vista que em muitos povos o que é tido como trabalho de homem para um povo e um trabalho de mulher para outra população.

7. Teorias antropológicas sobre a cultura

Foi durante as Grandes Navegações que os europeus entraram em contato com o novo mundo e com as mais diversas culturas e também foi no mesmo momento que surgiu uma nova ciência para tentar explicar essas diferenças. Surgia a Antropologia, que no início era fundamentalmente seguidora da teoria evolucionista, mais tarde passou por outras tantas.
O principal conceito do evolucionismo é de que as culturas deveriam ser comparadas entre si através de seus costumes. Ao tomar esta atitude teórica, os primeiros antropólogos classificaram as culturas como sendo selvagens ou civilizadas, primitivas ou complexas. Pensando desta maneira, as sociedades selvagens evoluiriam e um dia chegariam ao patamar daquelas que já estariam classificadas como evoluídas. Daí veio a idéia de que as sociedades européias (que era considerada por eles mesmos como civilizadas) tinham o dever de ajudar as demais a progredir, por isso, foi estimulado o ato de cristianizar e civilizar aqueles a quem eles chamavam de bárbaros. Pode-se dizer, portanto, que a antropologia em seu inicio apoiou a colonização do novo mundo.
Mais tarde percebeu-se que o evolucionismo não era a melhor opção para estudar a diversidade cultural. Pois cada cultura deve ser vista como única, que não há como comparar uma com outra, porque não pertencem a uma mesma linha histórica, portanto, conceitos como civilização e barbárie passaram a ser completamente inúteis, todos os significados dos costumes devem ser relativizados.













ATIVIDADES DO CAPÍTULO 3 - CULTURA
Nome: Nº turma:
1) A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir:
a) do sistema a que pertence.
b) de um ponto de vista que seja exterior ao próprio hábito.
c) de uma descoberta casual que o revele em sua essência.
d) de uma inteligência superior.

2) Assinale a alternativa que indica o emprego correto do conceito de cultura para a antropologia:
a) a cultura diz respeito aos atributos imutáveis que singularizam um povo.
b) a cultura de um povo é determinada pelo meio natural.
c) a cultura é herdada biologicamente
d) a cultura é uma forma de expressão de tem origem simbólica.

3) Qual a importância dos grupos contraculturais para um país?
4) Sobre o etnocentrismo, considere as afirmativas corretas e assinale a alternativa adequada:
I – é um dos fenômenos que dá origem e sustentação ao preconceito.
II – consiste em repudiar as manifestações culturais que mais se afastam daquelas com as quais nos identificamos.
III – é possível perceber atitudes etnocêntricas em quase todas as sociedades.
IV – é um fenômeno que só existiu no período da expansão marítima.
a) apenas I e II estão corretas
b) apenas III e IV estão corretas
c) apenas I II e III estão corretas
d) todas estão corretas
5) O fato do homem ver o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão a considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Essa tendência se denomina:
a) egocentrismo
b) heterocentrismo
c) heliocentrismo
d) etnocentrismo
6) O que diz o evolucionismo?
7) Qual o motivo para o evolucionismo não ser mais utilizado como explicação?
8) O que diz o determinismo geográfico?
9) O que diz o determinismo biológico?
10) O que é aculturação?

INSTITUIÇÕES SOCIAIS

CAPÍTULO 2

INSTITUIÇÕES SOCIAIS E SOCIALIZAÇÃO
1. Instituições sociais

As instituições sociais são lugares ou situações em que há uma imposição de padrões sociais à conduta individual. Quando criança, os adultos apresentam-lhe certo mundo – e para a criança, este mundo é o mundo. Somente mais tarde, algumas vezes, os indivíduos percebem que há alternativa de comportamentos sociais.
Entretanto, mesmo quando crianças, os indivíduos não são inteiramente passivos no interior do processo de socialização realizado pelas instituições sociais, percebe-se este fato quando percebemos que os pais em geral não conseguem impor aos filhos todo padrão social que desejariam.
Uma das formas de socialização é quando a criança não só aprende a reconhecer certa atitude em outra pessoa e a compreender seu sentido, mas também apreende a tomá-la ela mesma. Literalmente, a criança aprende a desempenhar o papel do outro. Exemplo: as meninas o papel da mãe e os meninos o papel do pai.
Cabe lembrar também que esses papéis podem ser diferentes de criança para outra. Se o pai é uma figura violenta, o papel a ser desempenhado (teoricamente) pela criança será este. Por isso, a socialização é um processo importante a ser compreendido, quanto antes o indivíduo perceber o poder que lhe é imposto, mas cedo poderá refletir se é o comportamento que deseja realmente reproduzir para outras gerações.
É claro que os indivíduos conforme vão crescendo vão notando também, que em cada lugar as pessoas vão esperar dele um determinado comportamento específico, um papel específico, assim, os seres humanos para viver em sociedade terão que saber qual papel atuar em cada ambiente em que estiver, se fizer isto errado o restante do grupo irá reagir de algum modo.
Quando o indivíduo acredita fortemente nas regras de conduta social, elas já fazem parte de sua consciência e, portanto, estão interiorizadas. Neste caso, não será mais necessário a presença de alguém ou algum órgão para repreendê-lo.

2. Infância

A infância como entendemos hoje, surgiu com o nascimento da burguesia. Antes disso, a criança era considerada um adulto pequeno, somente na idade moderna passou-se a considerar a inocência como um valor associado a esta faixa etária e algo a ser defendido.
Portanto, somente depois deste evento percebeu-se que o processo de socialização existe como ele funciona, qual o seu poder, suas vantagens e desvantagens e seus mecanismos de repressão.

ATIVIDADES:

1) O que é instituição social?
2) Como acontece a socialização?
3) Qual é a razão para se compreender como acontece a socialização?
3. Instituição familiar

A família é o principal agente socializador do indivíduo. Os estilos de socialização dessa família vão depender da classe social, da ocupação, da etnia, dos valores e da visão de mundo que a constituem. Dessa forma, existem famílias mais ou menos autoritárias e mais ou menos comprometidas com o ato da socialização.
É preciso que exista um esforço em olhar além do estereotipo da família como sendo aquela formada apenas pelo pai, mãe e filhos. Isto porque, não só em outras culturas isto não reflete necessariamente a realidade, como também em nossa cultura isto já não é mais a única forma encontrada. Há grupos familiares com as mais diversas combinações, como aquelas em que os avós têm um papel importante, ou aquelas em que o homem não está presente e é a mulher quem sustenta e cuida das crianças, aquelas em que o casal não tem filhos, aquelas em que o casal é formado por uma união homo-afetiva, aquelas em que moradores de rua simpáticas umas às outras formam grupos para se proteger mutuamente, e assim por diante.
Durante as últimas décadas, o mundo vem experimentando mudanças nos padrões familiares que seriam inacreditáveis gerações anteriores. As pessoas estão casando menos e também mais tarde, e tendo um número menor de filhos. É cada vez mais comum as pessoas optarem morarem juntas antes de oficializar o casamento e sentirem-se livres para formar novas famílias caso o primeiro matrimônio não dê certo.
De qualquer forma, aquelas famílias formadas por dois adultos e suas crianças são chamadas de nucleares e aquelas que incluem avós, tios e cunhados são chamadas de ampliadas.
Para a teoria funcionalista as mudanças ocorridas na família provocaram a dificuldade de homens e mulheres de criar e educar suas crianças de maneira adequada. Entretanto, este pensamento é muito criticado pela sociologia atual porque defende que a família convencional formada pelo homem que trabalha e pela mulher que cuida dos filhos como algo dado pela natureza.
Já a sociologia feminista observa que o movimento das mulheres em direção ao mercado de trabalho principalmente durante a década de 60 provocou alterações profundas nas relações familiares, tendo em vista que antes disso o poder familiar era apenas do homem e este comandava com mão de ferro, de maneira autoritária. Com a mulher contribuindo para o sustento da casa, as relações familiares passaram a ser cada vez mais democráticas, onde as decisões são discutidas e combinadas. Para este grupo de teóricos a mudança no interior da família não deve ser julgada como algo bom ou ruim, é preciso apenas que os indivíduos encontrem os melhores caminhos para desfrutar dela.

ATIVIDADES:

1) Qual é o papel da família no processo de socialização?
2) Como se deve olhar para os tipos de formação familiar?
3) O que pensa a sociologia funcionalista sobre a família?
4) O que pensa a sociologia feminista sobre a família?


4. Instituição Religiosa

Desde o início dos tempos o homem teve algumas dúvidas que o atormentava: “Da onde vim?”, “Para onde vou?” e “o que faço aqui?” são algumas dessas questões que fizeram cada grupo de homens juntos em pequenas ou grandes sociedades, formular respostas diferentes, dando origem às diferentes religiões conhecidas.
Isto significa que para a sociologia as religiões são criações dos homens e para muitas teorias, como a de Durkheim, elas servem para manter a sociedade coesa (unida) por isso são importantes e positivas, para outras teorias, como a de Marx, elas servem para que as pessoas não percebam o quanto são exploradas em seu dia a dia, por isso têm um papel negativo e alienante, é dele a famosa frase: “a religião é o ópio do povo”.
Quase todas as religiões possuem alguns elementos que a qualificam enquanto religião, dogmas, ritos e locais sagrados são alguns deles. Assim, dogmas são verdades que não são discutíveis no interior da religião, desta forma é que os católicos acreditam que Virgem Maria é uma santa e os evangélicos não crêem no mesmo.
Ritos ou rituais são todos aqueles atos que são repetidos em diversas ocasiões pelos fiéis e celebrantes das diversas religiões, por exemplo, em algumas religiões evangélicas há a divisão do pão numa data específica do ano ou ainda quando os muçulmanos deitam-se em direção a Meca para rezar e assim por diante. Os rituais existem em quase todas as religiões para manter acesa a ligação do fiel com seu deus.
E finalmente temos os locais sagrados que são nada mais do que as igrejas, sinagogas, mesquitas e centros, ou seja, aquele lugar em que os fiéis daquela religião específica se encontram para celebrar a mesma crença. São sempre lugares cercados por uma série de símbolos e significados, por exemplo, em alguns lugares não são aceitos chapéus, outros só entram homens, outros somente descalços e assim por diante, o fato é que é preciso saber as regras de cada espaço sagrado para que não aja a possibilidade do desrespeito a elas.
De modo geral estar inserido numa religião significa passar por um verdadeiro processo de socialização, tendo em vista que todas as religiões promovem a defesa de valores importantes para determinada sociedade, como por exemplo, o amor ao próximo e o perdão, que se forem seguidos pelos fiéis pode determinar os tipos de relações sociais os indivíduos vão estabelecer do cotidiano inclusive no interior da própria família.
É claro que certos comportamentos são estimulados pelas religiões, mas outros são condenados, considerados desvios de conduta, e por isso muitos deles são punidos com a promessa do inferno ou algo parecido. Pode-se dizer que as religiões exercem um forte controle social, em muitos lugares posicionam-se contra o divórcio ou o aborto e podem pressionar tanto que são capazes de influenciar na constituição das leis nacionais.
Este grande poder de controle social e de pressão sob os governos pode tanto conter conflitos entre indivíduos e países, quanto provocá-los. Um grande exemplo é conflito de décadas entre palestinos e judeus, ambos os grupos defendem suas formas de vida e as religiões são motivos de guerras entre eles, mortes em nome de deus.
No Brasil há predominância do catolicismo, entretanto, nos últimos anos há um grande crescimento do número de evangélicos que podem ser divididos em dois grandes grupos: os chamados protestantes históricos e os pentecostais.
Os protestantes históricos são fiéis das igrejas surgidas no período da Reforma Protestante e que se instalaram também no Brasil no século XX e que por não serem muito proselitistas, reproduzem-se apenas de geração em geração. Eles são: os luteranos, os batistas, os presbiterianos, os metodistas, entre outros.
Os pentecostais tiveram sua origem nos EUA quando houve uma espécie de alteração nas crenças protestantes centrado em cultos de forte apelo emocional e na conversão em massa dos indivíduos. Eles são: Congregação Cristã e Assembléia de Deus. Estas religiões por sua vez deram origem e outras como, por exemplo, Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo e outras tantas.
Em alguns lugares do país há a presença de um forte sincretismo religioso que é a fusão de crenças católicas com práticas rituais de religiões africanas. Neste caso, existe a possibilidade destes indivíduos se denominarem como sendo da Umbanda ou do Candomblé ou ainda verem-se como católicos ou evangélicos, mas, ao mesmo tempo, acreditarem em muitos elementos das religiões espiritualistas.

ATIVIDADES:

1) O que é religião para a sociologia?
2) O que é dogma, ritual e lugar sagrado?
3) Explique a idéia de que a religião exerce um controle social
4) Como é a religião no Brasil?








5. Instituição Escolar

A escola é um dos mais importantes espaços de socialização das sociedades modernas. É através dela que se podem promover certos valores que serão assumidos pelos indivíduos e que os definirão como parte de determinada cultura ou nação.
A escola como se conhece na atualidade surgiu na Idade Moderna juntamente com as indústrias. A burguesia que dividiu o trabalho para produzir mais no interior das fábricas fez o mesmo com o conhecimento, escolheu determinados saberes e os dividiu em séries, além disso, impôs à escola que nascia a mesma disciplina criada para a indústria.
Isto significa que os trabalhadores não fizeram parte do processo de constituição da escola, assim, a classe dominante até hoje impõe seu ponto de vista sobre determinados fatos e acontecimentos. As características valorizadas pela burguesia passam a ser transmitidas pelas escolas como se fossem os valores fundamentais de toda a sociedade.
No Brasil, por exemplo, durante muito tempo, os livros escolares fizeram com que diversas gerações acreditassem que os responsáveis pelas transformações históricas são apenas os grandes heróis, as grandes personalidades que pertenciam às classes abastadas. E por outro lado, muitos acontecimentos históricos liderados pelo povo praticamente desapareceram dos livros.
Entretanto, a escola é mesmo contraditória, pois se por um lado reproduz os valores das gerações mais antigas e da burguesia, por outro lado, como ela abriga a juventude sempre foi um lugar de inovação, de rebeldia e de crítica.
Um dos sociólogos mais importantes que pesquisam a instituição escolar é o francês Pierre Bourdieu que criou a teoria reprodutivista que criticava ao alertar que a escola é responsável por reproduzir em seu interior as desigualdades sociais e os preconceitos. Além disso, percebe que a escola ignora as características culturais dos alunos de periferia ao impor os valores e costumes da classe dominante.
Para que isto não aconteça, Bourdieu acreditava que seria preciso a escola tomar consciência de seu papel, do que faz e do que poderia fazer para transformar a realidade ao seu redor.
Outro sociólogo relevante foi Durkheim que via como positivo o fato da escola se esforçar em fazer com que a geração mais nova seja a mais próxima possível dos costumes e valores da geração anterior.
No Brasil existe o educador Paulo Freire que acreditava que a escola poderia emancipar o homem, porque segundo ele, quanto mais conhecimento, maiores serão as opções na hora da tomada de alguma decisão. Isto significa que o saber pode libertar os trabalhadores da ignorância que o sistema capitalista impõe a eles.
Para tanto, é necessário que o professor conheça o aluno, sua realidade social, seus costumes para fazer com que o conhecimento faça sentido para o aluno e assim ele o incorpore como realmente seu, podendo transformar sua vida e o mundo ao seu redor.

ATIVIDADES:

1) Como surgiu a escola como se conhece hoje?
2) O que pensa Bourdieu, Durkheim e Freire sobre a escola?
3) O que o texto trata da educação no Brasil?
4) Pesquise sobre a porcentagem dos brasileiros que se formaram e/ou que se formarão no ensino fundamental, médio e universitário na década de 1990, 2000 e 2010.


INDICAÇÃO DE FILME: ESCRITORES DA LIBERDADE, O CAÇADOR DE PIPAS.