segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

INDUSTRIA CULTURAL

1. Meios de comunicação e a análise sociológica

Indústria cultural é o fenômeno que possibilitou a produção em grande escala de produtos culturais, que são os programas de TV, de rádio, músicas, jornais impressos, livros, revistas, esculturas, quadros, sites, cinemas e etc.
A cultura de massa é produzida para o consumo de todas as classes sociais, de todos os níveis educacionais, de todas as idades e sexo, assim, os produtos culturais devem ser intencionalmente simplificados para que possam ser compreendidos por todos. Isso significa que na maioria das vezes existe um empobrecimento daquilo que se gostaria de transmitir.
Nesse tipo de sociedade dominada pelos meios de comunicação, os indivíduos são mergulhados nesse ambiente quer queiram ou não e isto traz como conseqüência o surgimento de um indivíduo que é valorizado por sua capacidade de memorização e não por sua aptidão em estabelecer conexões, sínteses e análises.
Por isso, os chamados mass media (os responsáveis pelos produtos culturais) são capazes de absorver e transformar idéias e criações originais em produtos simplificados e uniformes, de maneira que todos assistem, ouvem e lêem as mesmas coisas. Que é claro podem estar repletos de valores políticos, ideológicos e religiosos escondidos.
Um grupo de pensadores importante começou a analisar os meios de comunicação e sua relação com a sociedade, eles ficaram conhecidos como a Escola de Frankfurt e acreditavam que a reprodução da obra de arte em grande escala a banalizava, tornava-a algo sem profundidade, e a grande maioria das pessoas que passaram a poder ter contato com ela não conseguia entender de fato seu significado.
Entre estes pensadores estão Adorno e Horkheimer que entendiam os meios de comunicação como uma ferramenta usada pela burguesia para alienar os trabalhadores, ou seja, fazer com que a classe trabalhadora se sentisse iludida, seduzida por um mundo de fantasias e esquecesse o mundo real onde eram explorados.
Para a Escola de Frankfurt os veículos de comunicação desconsideram a diversidade cultural dos grupos que os consomem e isto provoca uma padronização do público, como se todos fossem iguais, se comovessem pelas mesmas coisas, rissem pelos mesmos motivos e quisessem saber exatamente das mesmas notícias.
Além disso, segundo eles a indústria cultural auxilia o capitalismo no processo de criação de novas necessidades de consumo junto ao público, desta forma, mesmo que o indivíduo tenha todas as roupas de que necessita o fato de aparecer seu ídolo da música ou das telenovelas com uma blusa deste ou daquele tipo, faz com que o sujeito se veja impulsionado a comprar mais uma peça, sob pena de sentir-se angustiado e frustrado consigo mesmo.
Por outro lado, há outro grupo liderado pelo americano Marshall Mcluhan que tinha uma visão totalmente inversa ao da Escola de Frankfurt, pois consideravam os meios de comunicação como algo positivo em que as distâncias entre as pessoas diminuiriam, onde mais pessoas teriam acesso a uma maior quantidade de informações, e com elas os indivíduos poderiam não só simplesmente saber mais coisas, mas também ter a possibilidade de alterar sua formação escolar e intelectual e, além disso, a padronização dos produtos culturais (que era mal visto pelos pensadores da Escola de Frankfurt) era tida como uma forma de unir as pessoas em torno de algo, haveria por isso a diminuição do número de conflitos entre diferentes grupos.
Numa posição quase intermediária entre estes dois grupos, estava Walter Benjamin, que ainda que estivesse ligado à Escola de Frankfurt, reconhecia que embora a aura da obra de arte tivesse desaparecido com sua reprodução em larga escala, nunca houve outro momento da história em que tantas pessoas puderam ter acesso a um número tão grande de produtos culturais. E por aura da obra de arte, Benjamin entendia aquilo que a fazia única, algo mágico que fazia daquele quadro ou daquela música alguma coisa especial.

2. Jornal

Pode-se dizer que tudo começou de fato com a criação dos jornais impressos, a invenção da imprensa por Gutemberg possibilitou que muitas pessoas tivessem acesso às notícias que antes corriam de boca em boca pelas ruas. Somando-se a isto a queda do valor do preço do papel que se usava para fazer o jornal ampliou ainda mais esta tendência. Para aumentar as vendas desse produto cultural, os primeiros donos de jornais apostaram nos folhetins, que eram histórias longuíssimas que eram seguidas pelos leitores por semanas e que serviram de antecessoras às atuais telenovelas.
A partir do século XIX o jornal tornou-se um negócio altamente lucrativo seja por causa dos anúncios pagos, seja por causa do barateamento do papel, seja por causa das estratégias de venda. Daí começa um grande problema, como conciliar os interesses financeiros e políticos dos donos dos jornais e da classe social de que eles fazem parte com a notícia.
Veja, a função do jornalismo é informar, e nesse sentido deve servir à sociedade, quando reúne informações, escreve as notícias e as divulgam. Mas como fazer isto, sem que as notícias não acabem misturadas com opiniões, prejulgamentos, preconceitos e assim por diante. Tendo em vista que, a verdade, a imparcialidade e a objetividade são regras básicas do jornal. Para conseguir estas características é preciso que não se omita nada do público, que se ofereçam todos os ângulos da mesma notícia e reconhecer quando se erra.
A questão é que o jornal também é um produto cultural de massa, ou seja, para todos lerem, e isso faz com que surja a necessidade de simplificar o texto, para que todos compreendam e para que caibam mais notícias, desta forma surge um jornal superficial, sem todos os ângulos das notícias, e por isso, muitas vezes tendencioso.
Existem fases no processo de produção de um jornal, primeiro é preciso saber de tudo que aconteceu naquele período de tempo, depois selecionar quais assuntos deverão ser noticiados, e depois de que ângulo esta história será contada. Ora, o ato de selecionar um acontecimento importante em detrimento de outro está imerso em opiniões específicas do grupo de comanda aquele determinado jornal, e a mesma coisa acontece com relação aos ângulos escolhidos para noticiar o fato. O que acontece em muitos casos é que o público consome opiniões jornalísticas ao invés de notícias de fato, e fazem isto sem perceber.
Para evitar cair nessa armadilha cabe ao consumidor de jornal ler e ser capaz de perceber quando os princípios do jornalismo não estão sendo obedecidos, quais sejam, a objetividade e a imparcialidade. Entretanto, se levar em conta a pesquisa realizada pelo IBOPE em setembro de 2005, em que demonstra que 75% da população brasileira é analfabeto funcional, ou seja, sabe ler e escrever, mas não consegue interpretar um texto simples de jornal, a armadilha está a espera da grande maioria.

3. Propaganda

A propaganda veiculada através dos meios de comunicação tem um grande poder ao influenciar o público ao consumir determinado produto e não outro. Isto porque a propaganda não é apenas a divulgação do que existe para se comprar. Pelo menos é o que pensa a Escola de Frankfurt. Para eles a propaganda é um instrumento intencional e possui técnicas para convencer os indivíduos do que estão vendendo, seja uma mercadoria, seja uma idéia, seja um candidato.
Segundo estes pensadores a propaganda vende um estilo de vida, assim, quando alguém compra um determinado xampu, também está comprando a feminilidade e juventude. Afinal, que tipo de mulher é vista nestes comerciais? Sempre muito femininas e sempre jovens. Quando alguém compra um determinado carro, pode estar comprando também a emoção da velocidade, a masculinidade, o sucesso profissional e com as mulheres. Afinal, em muitos comerciais de carro que tipo de pessoa está sendo mostrado? Na maioria são homens, másculos, que correm a 200 km/h e sempre com mulheres os desejando.
Por outro lado, a propaganda pode reforçar preconceitos ao perpetuar estereótipos, assim, quando se ouve falar num executivo, num bailarino, num jogador de basquete, num ladrão, numa faxineira, num pedreiro, num político ou outro indivíduo um tipo físico vem prontamente à cabeça de todos, mas essa imagem nem sempre corresponde à verdade. Seguindo este raciocínio há sempre um grupo pré-estabelecido para representar este ou aquele produto ou marca.
Além disso, quem faz a propaganda preocupa-se em saber quem é o público alvo do produto que se quer vender. Por exemplo, o público alvo do comercial de cerveja é o homem, e para convencê-lo a comprá-la o recurso usado é o da mulher bonita com poucas roupas, desta forma, a mensagem que é passada é a de que se o indivíduo consumir aquela bebida terá aquele tipo de mulher. Esta lógica funciona para o mercado publicitário e é usado a muitas décadas, entretanto, o que cabe discutir é o uso da figura feminina como um objeto a ser vendido junto com a mercadoria de fato.
Numa sociedade que possui toda uma legislação de proteção aos cidadãos, certas parcelas permanecem sendo exploradas e usadas pelas propagandas como se fossem caricaturas, objetos e mercadorias. E se isso não fosse o bastante, o próprio consumidor, em sua maioria, não percebe este tipo de abuso e consome os produtos anunciados reforçando a prática.

4. Rádio

Em pleno século XXI, época tantas tecnologias, é fácil imaginar que o rádio está ultrapassado e não pode mais fazer o trabalho que fazia no século XX. Entretanto, muitos sociólogos fizeram diversas pesquisas e demonstraram que mesmo atualmente este veículo de comunicação continua tendo grande poder.
Isto porque o consumidor do rádio não precisa estar totalmente atento, pode realizar outra atividade ao mesmo tempo em que ouve o rádio. Os especialistas alertam que assim o público recebe as mensagens mais facilmente no inconsciente, onde a capacidade crítica fica extremamente reduzida. É por tudo isto que existe uma relação forte entre radialistas e sua capacidade de serem eleitos sem muita propaganda ou vínculo partidário claro.
Os programas de radialistas eleitos aos cargos parlamentares são muito semelhantes entre si, prestam serviços de todo tipo, desde assistência jurídica, conselhos para a vida, doações de cestas básicas, cadeiras de rodas, além de vagas de emprego e intermediações de compra e venda. Muitas vezes o radialista é a voz do ouvinte, é aquele que fala o eu os ouvintes gostariam de dizer se tivessem oportunidade e um microfone.
Todas as formas usadas pelos radialistas para seduzir o ouvinte são técnicas intencionais com um objetivo específico de convencê-lo e de conquistar credibilidade para si e para partilhar com candidatos do mesmo partido. Isto faz com que os radialistas sejam disputados por diversos partidos.

5. Novelas

Num país como o nosso em que um número muito grande de pessoas tem como principal entretenimento o ato de assistir novelas, cabe aqui um espaço para uma análise sociológica. Que tipo de valores, preconceitos, novas formas de relações sociais e tipos de produtos são veiculados nessas novelas? Que tipo de questões provoca para o debate nacional? Existe algum tipo de reprodução das relações sociais típicas do capitalismo?
Baseado nas teorias da Escola de Frankfurt pode-se dizer que as novelas em sua maioria iludem o público com histórias cheias de finais felizes em que a moça pobre consegue ascensão social através do casamento com o rapaz milionário. Fato este que é altamente improvável numa sociedade capitalista em que os membros da classe dominante casam-se entre si para aumentar suas posses.
Além disso, há a reprodução dos hábitos típicos do Rio de Janeiro e de São Paulo como se estes representassem a cultura de todo o Brasil. E isso é verificado através da reprodução de estereótipos de personagens nordestinos, do interior de Minas, de sulistas, e assim por diante. Ao fazer isto, as novelas são desrespeitosas para com estas regiões.
Outra característica verificada é a veiculação de propagandas indiretas de produtos, de novas modas e de determinadas idéias. Isto acontece quando um personagem usa determinado produto (um perfume, um sapato ou uma calça de determinada marca, por exemplo), quando usa uma bolsa, um lenço ou uma jóia diferente, e quando o personagem defende algumas idéias no meio da trama da novela. Tudo isto, tem um efeito grande no público porque ele é pego desprevenido já que não está esperando ver uma propaganda.
De qualquer forma, segundo Gramsci a novela serviria como estrutura de consolo, para fazer o operário sonhar acordado e com isso desmobilizá-lo para uma possível reivindicação social.

6. Concessões de TV e Rádio

Em quase todos os lugares do mundo o que é necessário para se abri uma emissora de TV ou rádio? Muitos diriam dinheiro, profissionais gabaritados, prédios e equipamentos. O fato é que tudo isso seria insuficiente sem uma concessão dada pelo governo federal por tempo determinado e sendo obrigado a se comportar seguindo alguns preceitos éticos:
a) Neutralidade ao dar as notícias;
b) Informar à população tudo o que for de seu interesse e
c) Participar de campanhas que privilegiem a saúde, educação e a cidadania.
Desta forma, se uma emissora de TV ou rádio descumprirem as regras do contrato de concessão, o governo federal teria todo direito de cancelar ou não renovar qualquer concessão.

ATIVIDADES:

1) O que é indústria cultural?
2) O que acreditavam os integrantes da Escola de Frankfurt?
3) O que acreditavam os seguidores de Macluhan?
4) Como deveria ser o jornal? E como ele é de fato?
5) Leia o texto sobre propaganda e faça uma redação de 15 linhas com o título: “Propaganda e seu poder social”.
6) Porque pode-se dizer que o rádio tem algum poder?
7) Como a Escola de Frankfurt explica a novela?
8) Faça uma pesquisa sobre a Rede Globo na Super Interessante de junho de 2005 e faça um texto relacionando com o tema concessão de TV.
9) Partindo de uma perspectiva da Escola de Frankfurt de análise da relação entre democracia e meios de comunicação de massa, aponte a alternativa correta:
a) a imprensa sempre atuou em favor de grupos minoritários, procurando moldar a opinião pública em função dos interesses de classe dos proprietários dos meios de produção e dos meios de comunicação de massa.
b) a concentração da propriedade de emissoras de rádio, TV, jornais e editoras nas mãos de grupos empresariais restritos se devem à competência técnica desses grupos.
c) esses grupos servem para democratizar as informações para toda a sociedade.
d) nda
10) A indústria cultural difunde maneiras de se comportar, propõem estilos de vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar a casa, de se vestir, maneira de falar, e de escrever, de sonhar, de sofrer, de pensar, de lutar e de amar. Assinale a alternativa correta:
a) a indústria cultural é responsável apenas pela veiculação de imagens e informações que refletem a realidade como ela é.
b) a indústria cultural homogeneíza todos os indivíduos através do consumo dos mesmos produtos e idéias.
c) a indústria cultural permite que as minorias se manifestem e controlem parte do que é produzido por ela.
d) a indústria cultural tem como objetivo maior tornar os indivíduos sujeitos críticos de sua situação de classe.




INDICAÇÃO DE FILME: AO VIVO, X MEN 3, O SHOW DE TRUMAN

8 comentários:

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  3. Quais são as respostas dessas questões? Por favor

    2) O que acreditavam os integrantes da Escola de Frankfurt?
    4) Como deveria ser o jornal? E como ele é de fato?
    6) Porque pode-se dizer que o rádio tem algum poder?

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